Talibãs mantêm-se em silêncio sobre apagão das telecomunicações no Afeganistão
Há mais de 20 horas que os 43 milhões de habitantes do Afeganistão estão privados de telecomunicações.
O regime talibã, que controla o Afeganistão, mantém-se em silêncio sobre o apagão das comunicações telefónicas e de internet que se verifica desde segunda-feira.
Há mais de 20 horas que os 43 milhões de habitantes do Afeganistão estão privados de telecomunicações, mas não foi fornecida qualquer informação oficial.
Esta terça-feira, todos os voos do Aeroporto Internacional de Cabul foram cancelados, deixando o Afeganistão isolado por via aérea como consequência direta do apagão da internet e das telecomunicações.
As autoridades aeroportuárias disseram à emissora afegã AMU TV que a suspensão dos voos domésticos e internacionais foi provocada pela interrupção das comunicações, mas que não receberam qualquer aviso prévio por parte do regime.
De acordo com o serviço de rastreamento internacional de voos Flightradar24, as ligações que estavam programadas pelas companhias aéreas afegãs como a Ariana Afghan Airlines e a Kam Air foram canceladas, afetando pelo menos oito operações entre partidas e chegadas.
O Afeganistão está a enfrentar um apagão total da internet e restrições nas comunicações telefónicas, disseram monitores internacionais independentes, acrescentando que o corte está a aumentar o isolamento do país depois de o regime ter ordenado o corte de cabos de fibra ótica em várias zonas do país.
O regime justificou o corte da fibra ótica decretado em meados de setembro alegando que estava a prevenir "atividades imorais", ao limitar diretamente a infraestrutura de rede do país pela primeira vez.
Em diversas ocasiões, as autoridades do regime manifestaram preocupação com a circulação de pornografia através da internet e de outros conteúdos que consideram contrários à interpretação talibã da lei islâmica (Sharia).
O apagão é o efeito mais tangível do corte da fibra ótica.
Organizações de monitorização como a NetBlocks estimam que a conectividade do país está abaixo de 01%.
O principal porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, particularmente ativo nas redes sociais, não publicou uma única mensagem nas últimas 23 horas.
Desde segunda-feira, meios de comunicação afegãos, como a Amu TV, começaram a transmitir comunicações muito limitadas através dos perfis mas redes sociais, relatando que as agências de notícias internacionais perderam o contacto com Cabul.
Várias organizações afegãs no exílio culparam diretamente os talibãs pelo apagão, incluindo o Órgão de Coordenação das Mulheres Ativistas Afegãs, que considerou o corte como ato deliberado que isolou "um país inteiro do mundo e silenciou as vozes civis".
A organização instou a comunidade internacional a pressionar Cabul no sentido da restauração do acesso às comunicações, considerando o apagão não apenas censura, mas "um ataque à vida, à dignidade e à sobrevivência".
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