Tribunal tira filhas a mãe por esta “trabalhar demasiado”

Elena vai processar o Estado por considerar que o seu sucesso profissional a penalizou.

24 de abril de 2019 às 21:58
Menina de costas Foto: Getty Images
Menina, xxx Foto: Getty Images
Menina, xxx Foto: Getty Images
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No Dia da Mulher de 2018, a professora universitária Elena del Pilar Ramallo Miñán perdeu a custódia das duas filhas, com 13 e 7 anos de idade. Agora prepara-se para processar o Estado espanhol pela decisão, cujo principal motivo foi Elena trabalhar demasiado tempo e fora de casa, indica o jornal ABC. "Nunca marginalizei a minha tarefa de mãe", garante Elena Miñán, que alega ter sido prejudicada por ser uma mulher com sucesso profissional.  

"Tive que dedicar milhares de horas ao meu trabalho, roubando-as ao sono e com muito esforço", argumenta Elena. Segundo ela, a sua situação é semelhante à de "milhões de mulheres" que equilibram o trabalho e os filhos.

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Doutorada em Direito, Elena também é autora de sete livros. O seu pesadelo começou quando se divorciou do marido, há quatro anos. Num texto publicado no jornal El Correo Gallego, Elena conta que enfrentou acusações graves feitas pelo pai das filhas. Ele terá dito que a ex-mulher batia às crianças e que as abusava sexualmente, o que nunca foi provado nem avançou em tribunal.

"O meu pecado foi no dia em que deixei se der a mulher do engenheiro", recorda Elena. A sua própria mãe testemunhou contra ela, afirmando que Elena não cuidava das suas filhas e "estava sempre nervosa por se dedicar demasiado à sua profissão". A mesma sustentou que a filha devia tratar das meninas e não trabalhar fora de casa porque o trabalho do pai assegurava o suficiente para as sustentar. "Na Espanha de 2019 temos que evitar que isto aconteça", pede Elena, que há anos tem desavenças com a mãe.

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Em março, a custódia das filhas passou para o pai delas porque Elena passava "demasiado tempo fora do lar conjugal". "A juíza fundamentou a sua decisão jurídica na palavra do meu ex-marido, sem outra prova, nem médica nem de outro género, para determinar que não estou capacitada para ser mãe", explica Elena. "Destroçou o meu coração e a minha vida." A decisão seria confirmada em segunda instância e não é passível de recurso, o que motivou o processo contra o Estado.

Elena considera que o seu sucesso profissional motivou a decisão judicial e quer que "mais ninguém, por trabalhar e adorar o seu emprego, possa perder os seus filhos". O processo contra o Estado é enquanto "mãe, mulher e cidadã".

A mãe não vê a filha mais velha há um ano e meio porque o pai não cumpre o plano de visitas. Mas Elena garante agir como mãe: "Eu luto porque não quero que as minhas filhas vivam num país em que o seu mérito profissional, longe de ser reconhecido, seja penalizado."

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