Trump avisa Rússia: "Mísseis vão chegar"
Russos ameaçam abater mísseis e alvejar locais de onde forem lançados.
O presidente dos EUA, Donald Trump, avisou esta quarta-feira de que nos próximos dias lançará um ataque na Síria e reiterou acusações à Rússia por apoiar "um animal que mata o seu povo com gás e diverte-se com isso".
Trump cancelou uma viagem à América Latina para delinear com os aliados uma possível ação militar e, no Twitter, dirigiu o alerta diretamente a Moscovo: "A Rússia promete abater quaisquer mísseis disparados sobre a Síria. Prepara-te, Rússia, pois eles vão chegar, lindos, novos e inteligentes".
Numa primeira resposta, no Facebook, o MNE russo afirmou que "os mísseis inteligentes deveriam estar a visar terroristas e não um governo legítimo". Uma porta-voz do Kremlin disse ainda que um ataque pode ser uma tentativa de destruir provas do ataque com gás em Douma, que matou 43 pessoas, ataque pelo qual a Rússia e o regime sírio acusam os rebeldes.
A resposta mais contundente e ameaçadora chegou do embaixador russo no Líbano, Alexander Zasypkin: "Se os americanos atacarem, os mísseis serão derrubados e os locais dos disparos dos mísseis serão atacados". Zasypkin repetiu o alerta de 13 março dos militares russos e garantiu estar a referir palavras do presidente Vladimir Putin. Contudo, o porta-voz da presidência russa recusou comentar a ameaça de Trump, depois de no início do dia alertar para ações que agravem mais a situação no Médio Oriente.
O regime sírio levou a ameaça dos EUA a sério e prepara-se para a chegada dos mísseis. Depois do que aconteceu em abril de 2017, quando Trump ordenou o bombardeamento de uma base síria após outro ataque químico, o regime de Bashar al-Assad não quer correr riscos e ordenou a retirada de efetivos dos principais aeroportos e bases aéreas.
Companhias aéreas alertadas para risco no Mediterrâneo
A agência europeia de controlo aéreo Eurocontrol alertou as companhias aéreas para riscos acrescidos no Leste do Mediterrâneos nos próximos dias devido à ameaça de ataque dos EUA na Síria. A Eurocontrol frisou que mísseis de cruzeiro podem ser usados na área antes do final da semana e pode haver falhas nos equipamentos de radionavegação. O espaço aéreo da Síria já era evitado há muito, após alertas de reguladores aéreos nos EUA, Reino Unido, França e Alemanha.
Líder dos EUA oferece ajuda económica à Rússia e apela ao fim da corrida às armas
A par da ameaça, o presidente Donald Trump ofereceu ajuda à Rússia. Horas depois de colocar no Twitter o aviso de uma ofensiva na Síria, o presidente dos EUA publicou uma mensagem conciliadora que contradiz a anterior. "A Rússia precisa da nossa ajuda na economia, algo que seria muito fácil de fazer, e precisamos de todos os países unidos. Parem a corrida às armas?". A Casa Branca não esclareceu que tipo de ajuda está em causa.
PORMENORES
Desacordo na ONU
A Rússia bloqueou no Conselho de Segurança da ONU uma proposta dos EUA para investigar o ataque químico em Douma depois de EUA terem feito o mesmo a uma proposta russa.
OMS fala de 500 feridos
A Organização Mundial de Saúde diz ter dados sobre 500 pessoas tratadas a sintomas de intoxicação após o ataque químico de sábado, em Douma, que matou pelo menos 60 pessoas.
Irão reitera apoio a Assad
O Irão afirmou ontem que apoiará o regime sírio de Bashar al-Assad contra qualquer agressão estrangeira, e referiu a ameaça "da América e do Regime Sionista [Israel]".
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