Trump recusa negociar tarifas com o Brasil

Contactos das autoridades brasileiras por causa das tarifas ficam sem resposta

Lula da Silva tem tentado falar com Trump, mas em vão Foto: EPA/Lusa
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Numa postura bem menos flexível do que a adotada com vários países com quem já negociou, o presidente dos EUA, Donald Trump, tem ignorado os insistentes apelos do Brasil para negociar as tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras que deverão entrar em vigor na próxima sexta-feira. Apesar dos esforços das autoridades brasileiras, ninguém atende o telefone do lado dos EUA, levando o presidente brasileiro, Lula da Silva, a expressar publicamente a sua irritação com Trump.

“A gente liga todo dia para alguém nos EUA, mas ninguém quer falar com a gente. Eu fico pensando, o que fazer? Ele não quer conversar. Se ele quisesse conversar, pegava o telefone e ligava para mim. Mas o que ele fez foi enviar uma carta desrespeitosa dizendo para a justiça brasileira deixar de perseguir o Jair Bolsonaro e considerando isso uma caça às bruxas. Ele acredita em bruxas?”, disparou Lula, aludindo ao principal obstáculo às negociações, o facto de os EUA condicionarem uma eventual redução das tarifas ao fim do julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, que pode levá-lo para a cadeia.

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Encarregado por Lula das negociações, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, não conseguiu ainda ser atendido por nenhuma autoridade com poder decisório em semanas de telefonemas diários para Washington. E a razão foi explicitada por Trump ao afirmar dias atrás que, “um dia”, terá de falar com Lula, “mas não agora”.

Senadores aliados do governo e até de Bolsonaro foram enviados aos EUA no fim de semana para tentarem uma negociação paralela através de conversas com empresários norte-americanos que possam pressionar Trump, mas confidenciaram ontem não ter qualquer perspetiva de êxito. Esta segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro, Mauro Vieira, chegou aos EUA, mas não tem qualquer encontro oficial marcado, e o governo de Lula teve de passar pelo constrangimento de avisar o governo de Donald Trump que o chefe da diplomacia vai ficar lá o tempo que for necessário, para o caso de os americanos, de repente, quererem negociar.

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