"Um paraíso para o crime": o site que escondeu durante dez anos os abusos de Dominique Pélicot
Este ano, as autoridades europeias decidiram encerrar a plataforma e detiveram o fundador e outros executivos.
Era considerado um "paraíso para o crime" e durante duas décadas esteve envolvido em milhares de casos de atividades ilícitas. O 'Coco.gg' foi o site utilizado por Dominique Pélicot, homem francês que drogou Gisèle, a mulher, e recrutou mais de 50 homens para a violar, para conhecer potenciais agressores e difundir as imagens dos abusos. Durante o julgamento, ficou claro que a escalada dos crimes e a capacidade de os manter escondidos durante tantos anos não seria possível sem a plataforma.
Desde o lançamento, em 2003, o 'Coco.gg' esteve implicado em assassinatos, casos de pedofilia, ataques homofóbicos e agressões sexuais. Este ano, as autoridades europeias decidiram encerrar a plataforma e detiveram o fundador e outros executivos. O site tinha sido citado em mais de 23 mil relatórios de atividades criminosas.
"Parecia tão inocente"
"Parecia tão inocente"O 'Coco.gg' foi fundado pelo engenheiro de software Isaac Steidl como um site de conversação gratuito, que permitia que as pessoas mantivessem o anonimato. "Parecia tão inocente. Tinha um design muito anos 90, com coqueiros e uma cara sorridente e dizia 'este é um sítio Web para pessoas simpáticas'. Mas entrava-se e parecia uma selva.", relembrou Sophie Antoine, responsável pela defesa legal da organização francesa de combate à prostituição infantil ACPE, citada pelo The Guardian.
O site permitia, para além do envio de mensagens privadas, que os utilizadores fizessem parte de fóruns de conversação dedicados a diferentes assuntos. Muitos destes fóruns eram sobre fetiches específicos ou continham conteúdos explícitos.
Embora nunca tenha tido grande popularidade, o 'Coco.gg' tornou-se conhecido entre os defensores da segurança infantil e os grupos de defesa dos direitos LGBTQ+, que alertaram as autoridades sobre as atividades ilícitas e perigosas.
Pélicot
Durante dez anos, o 'voyeur' conseguiu utilizar o fórum para responder aos seus vícios sem qualquer sanção. As autoridades francesas só tomaram conhecimento da má conduta sexual de Pélicot depois de um segurança de uma mercearia o ter apanhado a tentar fazer vídeos não consensuais em 2020 e partir para uma investigação.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt