"Voltaremos a fazê-lo, pois um referendo não é delito", diz Presidente do Governo catalão

Quim Torra reiterou que a luta pela independência da Catalunha não será travada pelos tribunais espanhóis.

16 de outubro de 2019 às 01:30
Torra fez uma reunião de emergência do governo autónomo da Catalunha para decidir qual será a resposta institucional à condenação dos líderes separatistas Foto: Lusa
Junqueras reiterou desafio Foto: Reuters
Puigdemont está exilado e volta a ser alvo de mandado de detenção Foto: Reuters
Vídeo captou o momento da polémica atuação de agentes da polícia Foto: Direitos Reservados

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O governo autónomo da Catalunha respondeu esta terça-feira, em tom de desafio, à sentença anunciada no dia anterior pelo Supremo Tribunal espanhol, que condenou a penas de prisão entre 9 e 13 anos de cadeia os nove líderes separatistas catalães julgados por delitos de sedição.

"Voltaremos a fazê-lo. Nunca desistiremos do exercício do direito à autodeterminação", afirmou Quim Torra, presidente do governo catalão, na homenagem ao antecessor no cargo, Lluís Companys, fuzilado pelas forças franquistas há 79 anos, após a guerra civil espanhola.

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Durante a cerimónia, realizada anualmente no aniversário da morte de Companys, Torra usou a memória do herói da luta pela independência para denunciar o que considera medidas repressivas de Espanha. "Não querem que voltemos a fazê-lo, mas vamos repetir, porque fazer um referendo não é delito", garantiu Torra.

Ao fim da tarde, o tom foi bem mais ponderado. Após reunião extraordinária do governo autónomo catalão, foi decidido pedir formalmente "uma amnistia" para os separatistas. Torra anunciou ainda que serão enviadas cartas a todos os presidentes e chefes de governo dos países da União Europeia e dos países do G20, "para explicar a sentença e a posição do governo catalão" sobre a mesma.

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Este tom mais ponderado e institucional mereceu críticas do partido separatista de esquerda CUP, que exigiu uma atitude mais clara "de condenação da atitude repressiva do Estado espanhol".

A insatisfação da CUP foi acentuada pelo facto de na convocatória para o plenário de amanhã do Parlament (parlamento catalão) não estar prevista a votação de uma resolução que condene e rejeite a sentença do Supremo Tribunal e reafirme o direito da Catalunha à autodeterminação.

Para apaziguar as discórdias, o governo catalão anunciou que tudo será feito para que a decisão do parlamento "seja um mandato efetivo", mas para que tal seja possível é preciso reformular o plenário.

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SAIBA MAIS

1922

Ano da criação do Estat Catalá, o primeiro partido pró-independência da Catalunha. Fundado por Francesc Macià, foi forçado a agir a partir do exílio em França, devido à ditadura de Primo de Rivera (1923-1930).

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Apoio à Constituição

Após a implantação da democracia em Espanha, em 1975, foi votada em 1978 a Constituição espanhola. Aprovada em referendo por 88%, no conjunto da Espanha. Na Catalunha a aprovação foi de 90%.

Estatuto de Autonomia

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Em 1979 foi referendado o Estatuto de Autonomia da Catalunha, que seria aprovado por uma maioria esmagadora de 88%, o que teve a consequência de diluir a base de apoio aos partidos separatistas.

Defesa da língua catalã

A defesa da língua catalã, reprimida sob o franquismo, deu novo impulso ao separatismo na década de 1980, servindo de impulso a um movimento que culminou no referendo de 2017.

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