Zelensky pede "mudança de regime" na Rússia
Presidente ucraniano apela a endurecimento da posição internacional após novo ataque devastador contra Kiev
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou pela primeira vez a uma "mudança de regime" na Rússia, após mais uma noite de ataque devastadores contra Kiev, que causaram a morte de pelo menos oito pessoas, incluindo uma criança de seis anos.
Discursando por videoconferência no encontro que assinalou o 50º aniversário dos Acordos de Helsínquia, esta quinta-feira, o líder ucraniano acusou a Rússia de ignorar deliberadamente o ultimato de Donald Trump para acabar com a guerra. "A Rússia continua a lançar estes ataques mesmo numa altura em que todo o mundo lhe pede que acabe com a guerra, uma guerra que foi a Rússia que começou, que a Rússia continua a arrastar e que só a liderança russa deseja continuar", denunciou Zelensky, acusando a cúpula russa de "continuar presa na mentalidade do século passado, um tempo de violência brutal e total desrespeito pelos direitos humanos", adiantando que "estas ideias e estes tempos não podem voltar à Europa".
"Moscovo pode ser forçado a acabar com esta guerra, mas para isso, tempo de bloquear completamente a máquina de guerra russa, isolar a sua indústria militar, limitar os lucros do setor energético e colocar todos os bens russos congelados ao serviço da defesa contra a agressão russa. Temos de confiscar esses recursos e usá-los ao serviço da paz", defendeu o líder ucraniano, antes de deixar um aviso: "Acredito que é possível obrigar a Rússia a acabar com esta guerra. Mas se o mundo não fixar como objetivo a mudança de regime na Rússia, isso significa que, mesmo depois de esta guerra acabar, Moscovo continuará a tentar desestabilizar os países vizinhos".
Esta foi a primeira vez que Zelensky apelou, de forma mais ou menos direta, a uma mudança de regime na Rússia. O Kremlin ainda não comentou.
O apelo de Zelensky ao endurecimento da posição da comunidade internacional face à recusa da Rússia em acabar com a guerra surge após mais uma noite de ataques contra Kiev e outras cidades ucranianas. Na capital, um míssil atingiu um edifício residencial de nove andares, provocando o seu colapso parcial e matando pelos menos seis pessoas, incluindo uma criança de seis anos e a mãe, e ferindo mais de 50 pessoas. Outras duas pessoas morreram nos ataques, que envolveram mais de 300 drones e oito mísseis de cruzeiro.
Parlamento reverte lei polémica
O Parlamento ucraniano aprovou esta quinta-feira uma lei proposta pelo presidente Zelensky para restaurar a independências das agências anticorrupção, revertendo assim uma lei polémica aprovada na semana passada que colocava aquele órgãos sob tutela do Procurador-Geral e que motivou os maiores protestos contra o Governo desde o início da guerra. A União Europeia já saudou a decisão de reverter a medida.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt