Recuo de Carles Puigdemont, que evitou declarar a independência imediata, recebido com lágrimas e assobios.
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O discurso de ontem do presidente da Generalitat, o governo autónomo da Catalunha, não agradou nem aos separatistas nem ao governo espanhol. A multidão concentrada há várias horas junto ao parlamento catalão reagiu com lágrimas e alguns assobios à conclusão do discurso, quando Carles Puigdemont anunciou que a declaração de independência da Catalunha ficaria suspensa.
Independência da Catalunha fica suspensa
"Assumo do povo o mandato de que a Catalunha se converta num Estado independente em forma de república", afirmou Puigdemont, colhendo aplausos entusiásticos nas ruas, quando frisou que o resultado do referendo de 1 de outubro confirmou o direito dos catalães a escolherem a independência. Mas logo de seguida o líder da Generalitat lançou um balde de água fria sobre os milhares de nacionalistas que seguiam o discurso em ecrãs gigantes: "O governo, e eu mesmo, propomos ao ‘parlament’ que suspenda os efeitos da declaração de independência para estabelecer um processo de diálogo".
O discurso do presidente do governo catalão teve ainda outros momentos de diplomacia, embora pautados pela acusação a Madrid de responsabilidade exclusiva pela tensão que resultaria na violência policial que marcou a jornada de votação no referendo ilegal de 1 outubro: "As imagens do que aconteceu não as esqueceremos", afirmou, para dizer depois: "Todos devemos assumir a nossa responsabilidade no controlo das tensões. Não contribuirei nem com palavras nem com gestos para a aumentar".
Esta abertura ao diálogo desiludiu os nacionalistas, que esperavam uma mais taxativa declaração unilateral de independência e desagradou a Espanha, que, apesar do recuo de Puigdemont, considerou "inadmissível" declarar a independência "de forma implícita" para depois a suspender.
Rajoy convoca governo para reagir a PuigdemontO governo espanhol liderado por Mariano Rajoy condenou o discurso de ontem do líder catalão e convocou para hoje uma reunião extraordinária do conselho de ministros para decidir uma resposta à declaração. Em cima da mesa estará a possível aplicação do artigo 155 da Constituição Espanhola, que prevê a suspensão da autonomia de uma região autónoma que "não cumpra as obrigações que a Constituição ou outras leis lhe imponham".
Ontem o líder do PSOE, Pedro Sánchez, reuniu-se com Rajoy para debater a situação. Sánchez tem repetido que se opõe à aplicação do artigo 155 e que entende ser necessário conseguir uma solução dialogada.Albert Rivera, líder do Cidadãos, insistiu, por seu lado, que Rajoy convoque eleições antecipadas na Catalunha.
O governo espanhol, por seu lado, reiterou ontem que a ilegalidade do referendo desqualifica qualquer diálogo e condenou o líder catalão.
"Nem o senhor Puigdemont nem ninguém pode tirar conclusões de uma lei que não existe, nem de um referendo que não aconteceu, nem de uma vontade do povo da Catalunha de que pretende apropriar-se", afirmou Soraya de Santamaría, vice-presidente do governo espanhol, dizendo que o líder catalão "mergulhou a comunidade autónoma na maior incerteza da sua história".
O discurso de Puigdemont foi também condenado pelas formações separatistas Junts pel Sí e CUP, que apoiam o governo de Puigdemont mas que o desafiaram ao assinar uma declaração simbólica de independência. "Hoje era o dia para declarar solenemente uma república catalã", afirmou a CUP, acusando Puigdemont de "traição".
SAIBA MAIS
7,6
milhões é a população da Catalunha, aproximadamente 16% dos habitantes totais de Espanha (46,5 milhões), de acordo com dados de 2016.
Mais PIB e mais emprego
A região da Catalunha tem um Produto Interno Bruno de 223,6 mil milhões de euros (20% do total de Espanha) e uma taxa de desemprego de 13,2%, inferior aos 17,2% do país.
Motor económico
A Catalunha é um dos principais motores económicos de Espanha e em 2016 foi responsável por 25,6% das exportações totais do país vizinho.
6,3% do território
Com uma área total de 32 108 km2, a Catalunha representa apenas 6,3% do território espanhol (505 900 km2).
13º maior PIB da União
Em caso de independência, a Catalunha teria o 13º maior PIB da União Europeia. Portugal ficaria no 15º lugar.
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