O CM teve acesso exclusivo ao conteúdo da carta enviada ao Secretário de Estado. Documento contém lista de exigências feita ao Governo.
Comunidade portuguesa em Moçambique diz sentir-se abandonada e acusa Estado de 'ineficácia'
A comunidade portuguesa residente na Beira, zona mais afetada pelo ciclone ‘Idai’, em Moçambique, enviou uma carta ao Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, onde relatou todas as dificuldades pelas quais os portugueses têm passado.São 51 os cidadãos de nacionalidade portuguesa vítimas do ciclone que tiveram a iniciativa de relatar a carta pela "necessidade de se entreajudar na sua mais urgente tarefa de sobreviver". O grupo assume "exigir uma série de atitudes e ajudas que se impõem" ao Governo Português. Numa extensa carta de cinco páginas, os residentes na Beira, descrevem tudo o que sentem que lhes está a faltar por parte do Estado Português, desde a falta de "apoio aos cidadãos" residentes na Beira, passando pelo não conhecimento do Estado das reais condições com que os portugueses têm vivido, a incerteza relativamente ao futuro e de que forma todas as infraestruturas serão reconstruídas. O grupo enuncia ainda uma lista de tudo o que é preciso ser feito para que as suas necessidades sejam colmatadas. No final do documento, os portugueses descrevem uma "sensação de abandono e ineficácia" e assumem não querer "fugir". "Se fugirmos quem fica a defender o que tanto custou a construir?", lê-se na carta.De acordo com esta carta, entre os 51 cidadãos portugueses, estão 12 crianças. Segundo números oficiais, 350 mil pessoas estão em risco e há falta de alimentos em cerca de 30% dos abrigos criados para receber os desalojados. Há também 15 mil pessoas isoladas à espera de resgate.
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