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Egípcio Khaled el-Enany eleito para próximo diretor-geral da UNESCO

Khaled el-Enany recebeu 55 dos 57 votos possíveis, batendo o segundo candidato, o diplomata congolês Firmin Edouard Matoko.

06 de outubro de 2025 às 21:35

O muséologo egípcio Khaled el-Enany foi eleito esta segunda-feira diretor-geral da UNESCO, pelo conselho executivo da Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura, sucedendo à francesa Audrey Azoulay, no próximo mandato de quatro anos.

Os resultados da votação, anunciados pela presidente do conselho executivo, Vera El Khoury Lacoeuilhe, mostram que Khaled el-Enany recebeu 55 dos 57 votos possíveis, batendo o segundo candidato, o diplomata congolês Firmin Edouard Matoko, com uma carreira de 35 anos, na agência das Nações Unidas para a Educação e Cultura.

O resultado da votação deverá ser ratificado no próximo dia 06 de novembro, na Conferência Geral da UNESCO, em Samarcanda, no Uzbequistão.

Khaled el-Enany, que deverá tomar posse como 12.º diretor-geral da UNESCO em 14 de novembro, tornar-se-á assim o primeiro cidadão de um país árabe a desempenhar o cargo e o segundo africano, depois do senegalês Amadou Mahtar Mbow (1974-1987).

Antigo ministro egípcio das Antiguidades e do Turismo (2016-2022), egiptólogo de formação, pela Universidade de Montpellier, em França, Khaled el-Enany, de 54 anos, é professor de Egiptologia na Universidade de Helwan, no Cairo, a que está ligado há mais de 30 anos.

Esta segunda-feira, perante o conselho executivo, Khaled el-Enany prometeu trabalhar "em conjunto com todos os Estados-membros para construir um roteiro de modernização da UNESCO e conduzi-la ao futuro".

Durante a campanha para o cargo, Khaled el-Enany prometeu levar para a organização uma "nova perspetiva" e o conhecimento adquirido numa carreira "no terreno", como investigador, diretor do Museu Egípcio do Cairo e como ministro, de modo a dar à UNESCO "maior visibilidade e impacto".

Como ministro das Antiguidades e do Turismo enfrentou ataques ao património cultural, reivindicados pelo Estado Islâmico, em 2017 e 2018, e a pandemia de covid-19.

O seu nome, no entanto, está também associado, no Cairo, a danos causados por grandes projetos de desenvolvimento urbano em redor da necrópole histórica da capital egípcia, "A Cidade dos Mortos", classificada como património da Humanidade, e com o despejo de residentes vulneráveis, nesta área urbana, como esta segunda-feira recorda a agência France Presse.

O ministério de el-Enany garantiu na altura que "não tinha sido destruído nenhum monumento", apenas "túmulos contemporâneos".

Khaled el-Enany assume o comando de uma agência em transformação, acusada de politização e com desafios financeiros pela frente.

À saída de Israel, em 2017, sucedeu-se a dos Estados Unidos, em julho deste ano, que fornece 8% do orçamento da organização.

A administração Trump acusou na altura a UNESCO de preconceito anti-Israel, de promover "causas sociais e culturais divisionistas" e de defender "um guião ideológico e globalista".

Khaled el-Enany, por seu lado, prometeu trabalhar para trazer os Estados Unidos de volta à organização, algo que Audrey Azoulay conseguiu em 2023, seis anos depois de Donald Trump a ter abandonado, durante o seu primeiro mandato na Casa Branca.

"Quero tentar despolitizar o debate dentro da UNESCO", disse el-Enany à AFP. "Uma criança privada de educação, não quero saber a sua nacionalidade. Não venho com uma agenda, não venho como porta-voz do mundo árabe, nem do continente africano", garantiu.

Khaled el-Enany quer atrair mais contribuições financeiras para a UNESCO, tanto de governos e como do setor privado, mobilizando fundações, mecenas e empresas, entre outras entidades.

Audrey Azoulay, antiga ministra francesa da Cultura, e a segunda mulher à frente da UNESCO depois da búlgara Irina Bokova (2009-2017), completa, em novembro, dois mandatos consecutivos desde 2017.

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