Violadores, que arriscam 20 anos de cadeia, eram recrutados por Dominique num site de encontros sexuais.
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Gisèle Pelicot, a mulher francesa que foi drogada durante anos pelo marido para que dezenas de homens pudessem abusar dela, admitiu esta quinta-feira em tribunal que é uma mulher “destruída”, mas determinada em mudar a forma como a sociedade trata os violadores e as suas vítimas: “Não somos nós que temos de sentir vergonha, são eles.”
Falando pela segunda vez em tribunal desde o início do julgamento do marido, Dominique Pelicot, e de outros 49 homens que participaram nos abusos, Gisèle, de 72 anos, admitiu de forma emocionada que vai passar o resto da vida a tentar compreender o que lhe fizeram. “Sou uma mulher completamente destruída, não sei como é que vou conseguir recuperar disto”, afirmou com a voz trémula, adiantando que insistiu que o julgamento fosse público “para mudar mentalidades”. “Dizem-me que sou muito corajosa. Não é coragem, é força de vontade e determinação para mudar a sociedade. Quero que todas as vítimas de violação digam: a senhora Pelicot conseguiu, nós também conseguimos. Quando somos violadas sentimos vergonha, mas não somos nós que temos de sentir vergonha, são eles”, disse.
Gisèle revelou ter pedido para falar depois de ter ouvido as mulheres dos homens que a violaram a dizerem que eram “pessoas excecionais” e incapazes de cometer tais abusos. “Eu pensava o mesmo do meu marido. Mas um violador não é só uma pessoa que nos ataca num parque de estacionamento à noite. Pode fazer parte da nossa família, dos nossos amigos”, sublinhou.
Sobre o marido, contou que se sentia uma mulher feliz e realizada após 50 anos de casamento. “Ainda estou a tentar perceber como é que este homem, que para mim era perfeito, pode ter feito isto. Como é que conseguiu trair-me a este ponto? Como é que foi capaz de trazer estes homens para o meu quarto?”, questionou.
Sobre os abusos, disse que não se lembra de nada. O marido insistia muita vezes em fazer o jantar e trazia-lhe gelado - de framboesa, o seu preferido - enquanto via TV. “Eu costuma pensar que tinha muita sorte, que ele era uma pessoa amorosa que cuidava de mim”, afirmou. Na realidade, as refeições preparadas por Dominique Pelicot continham medicamentos para a deixar inconsciente e permitir os abusos. “Deviam ter um efeito rápido, nunca me senti a desfalecer ou maldisposta. De manhã acordava cansada, mas pensava que era das caminhadas que fazia”, afirmou.
Gisèle Pelicot, a mulher francesa que foi drogada durante anos pelo marido para que dezenas de homens pudessem abusar dela, admitiu esta quinta-feira em tribunal que é uma mulher “destruída”, mas determinada em mudar a forma como a sociedade trata os violadores e as suas vítimas: “Não somos nós que temos de sentir vergonha, são eles.”Falando pela segunda vez em tribunal desde o início do julgamento do marido, Dominique Pelicot, e de outros 49 homens que participaram nos abusos, Gisèle, de 72 anos, admitiu de forma emocionada que vai passar o resto da vida a tentar compreender o que lhe fizeram. “Sou uma mulher completamente destruída, não sei como é que vou conseguir recuperar disto”, afirmou com a voz trémula, adiantando que insistiu que o julgamento fosse público “para mudar mentalidades”. “Dizem-me que sou muito corajosa. Não é coragem, é força de vontade e determinação para mudar a sociedade. Quero que todas as vítimas de violação digam: a senhora Pelicot conseguiu, nós também conseguimos. Quando somos violadas sentimos vergonha, mas não somos nós que temos de sentir vergonha, são eles”, disse.Gisèle revelou ter pedido para falar depois de ter ouvido as mulheres dos homens que a violaram a dizerem que eram “pessoas excecionais” e incapazes de cometer tais abusos. “Eu pensava o mesmo do meu marido. Mas um violador não é só uma pessoa que nos ataca num parque de estacionamento à noite. Pode fazer parte da nossa família, dos nossos amigos”, sublinhou.Sobre o marido, contou que se sentia uma mulher feliz e realizada após 50 anos de casamento. “Ainda estou a tentar perceber como é que este homem, que para mim era perfeito, pode ter feito isto. Como é que conseguiu trair-me a este ponto? Como é que foi capaz de trazer estes homens para o meu quarto?”, questionou.Sobre os abusos, disse que não se lembra de nada. O marido insistia muita vezes em fazer o jantar e trazia-lhe gelado - de framboesa, o seu preferido - enquanto via TV. “Eu costuma pensar que tinha muita sorte, que ele era uma pessoa amorosa que cuidava de mim”, afirmou. Na realidade, as refeições preparadas por Dominique Pelicot continham medicamentos para a deixar inconsciente e permitir os abusos. “Deviam ter um efeito rápido, nunca me senti a desfalecer ou maldisposta. De manhã acordava cansada, mas pensava que era das caminhadas que fazia”, afirmou.E TAMBÉM
O julgamento de Pelicot e de outros 49 homens acusados de violar Gisèle começou em setembro e deverá durar até ao final de dezembro. Os violadores, que arriscam 20 anos de cadeia, eram recrutados por Dominique num site de encontros sexuais e foram identificados pela polícia através de vídeos dos abusos gravados pelo marido de Gisèle.
RÉUS ALEGAM CONSENTIMENTO
A maioria dos acusados ouvidos até ao momento admitiram os atos sexuais, mas garantiram que julgavam que eram consentidos e que tudo não passava de um jogo sexual do casal Pelicot. Vários alegaram em tribunal que pensavam que Gisèle “fingia estar a dormir” e que foram enganados por Dominique Pelicot.
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