Pedro Neto lamentou que o Governo cubano não tenha criado condições para que a população se possa manifestar livremente.
O diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal, Pedro Neto, criticou esta quinta-feira a repressão que as autoridades cubanas estão a exercer desde domingo sobre cidadãos que "só estão a pedir pão" e "meios económicos para viver com dignidade".
Em declarações à agência Lusa, Pedro Neto lamentou que o Governo cubano não tenha criado condições para que a população se possa manifestar livremente, para dizer o que pensa, até porque os protestos são precisamente contra a forma como o executivo de Havana está a ferir a situação.
"Neste caso concreto, o Governo tem de criar condições para que as pessoas se possam manifestar livremente, dizer o que pensam, acolher até os motivos da manifestação, porque ela é dirigida ao Governo. O que as pessoas estão a pedir é pão, são meios económicos para poderem viver a sua vida com dignidade", sublinhou.
"O que não devia ter acontecido e está a acontecer é esta repressão, de força, contra pessoas que se estão a manifestar e a cumprir um direito humano. Ao invés de ouvir e de acolher, o Governo está a reprimir e isso é um problema, independentemente de todas as causas que estão para trás", acrescentou.
Admitindo que o bloqueio e as sanções impostas pelos Estados Unidos há quase seis décadas também influenciam, Pedro Neto referiu, porém, que isso não justifica tudo.
"O Governo também sacode responsabilidades, fala do bloqueio norte-americano. Mas as origens da pobreza em Cuba são muitas e variadas e creio que, destes atores, nacionais e internacionais, nenhum está livre de responsabilidades", sustentou.
"Agora, o que interessa é, em primeiro lugar, respeitar o direito à manifestação e, depois, juntos, população, Governo e até instituições internacionais, trabalharem para que estes problemas que estão na causa das manifestações - a Covid-19 e a pobreza endémica -, possam ser resolvidos quanto antes", defendeu Pedro Neto.
Segundo as informações de que dispõe através da responsável da organização internacional de defesa e promoção dos direitos humanos para as América, o diretor executivo da AI Portugal lembrou que os protestos são generalizados em todo a ilha, em que são vários os grupos "espontâneos", apoiados em comunidades da igreja e de outros setores sociais.
"Vão desde pessoas muito simples até grupos mais organizados. Manifestam-se contra a escassez de vacinas, pelo estado da pandemia, e também pela crise de alimentos, de medicamentos. Com uma nova liderança no país, as pessoas acreditaram que haveria maior liberdade de expressão e por isso é que vieram para a rua e pedem pão, o básico, e condições para poderem viver", referiu.
"O que há a lamentar é a resposta do Governo, que está a demonizar os manifestantes, a acusá-los de delinquentes, de pertencerem a grupos organizados para combaterem a 'revolução', e de serem elementos antissociais. Nada disso é verdade.
São pessoas que estão a fazer valer o seu direito humano à manifestação e ao protesto de forma pacífica. O Governo, em vez de acolher as preocupações do povo que dizem querer governar, e governam, o que está a fazer é reprimir as pessoas", insistiu Pedro Neto.
Esta quinta-feira, as ruas de Havana estavam calmas, mas a presença policial e militar foi reforçada junto ao Capitólio, sede do parlamento cubano, constatou um jornalista da AFP.
Na zona onde domingo milhares de cubanos desfilaram aos gritos de "Liberdade", "Temos fome" e "Abaixo a Ditadura", estavam esta quinta-feira estacionados vários camiões da polícia.
Na terça-feira houve novos apelos para manifestações perto do Capitólio.
Um homem morreu e mais de uma centena de pessoas foram detidas durante as manifestações de domingo e segunda-feira em Cuba contra o governo comunista, que nega uma "explosão social".
JSD (PAL) // EL
Lusa/Fim
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