Em muitos locais da capital, sem energia, também não há forma de bombear a água para as torneiras, o que representa uma dificuldade acrescida em casa ou no trabalho.
Na capital cabo-verdiana, os cortes de energia que chegam a durar 12 horas consecutivas ou mais, devido a avarias na central elétrica, arrastam-se desde início do mês, paralisam negócios e serviços públicos, atingindo até farmácias e doentes crónicos.
"Os cortes vão das 08:00 às 20:00 (das 10:00 a 22:00 em Lisboa), todos os dias. Perdemos muitas vendas", diz à Lusa Belarmino Veiga, diretor técnico de uma farmácia na Achada São Filipe, um dos bairros da cidade mais afetados.
Sentado, à espera que haja energia, explica que medicamentos como vacinas e insulina precisam de frio (entre dois e oito graus).
"Se ficarmos 24 horas sem luz, estragam-se, e são medicamentos caros. Ainda não deitámos fora, mas é um risco", conta.
Sem eletricidade, não conseguem validar seguros e "muitos clientes vão embora, porque não se consegue confirmar dados e não podem comprar os medicamentos na totalidade. São doentes crónicos, com diabetes, hipertensão ou colesterol, que não podem esperar", acrescenta.
Neste como noutros locais de trabalho, os funcionários também são prejudicados: deixam de conseguir conservar as refeições que prepararam em casa.
"Não temos frigorífico, nem micro-ondas. Acabamos por deitar comida fora e gastar mais dinheiro todos os dias. Está a ser muito complicado", retrata Belarmino.
Nos salões de beleza como o de Maguy Garcia, chega-se a perder um dia inteiro de trabalho.
"Dependemos totalmente da eletricidade. Já parámos a meio do tratamento de unhas ou penteados. O gerador não compensa, é caro, porque exige combustível. E neste momento estou sem luz, outra vez", conta à Lusa, sentada num salão vazio à hora em que devia ter maior movimento.
Nos restaurantes, outro negócio popular na capital, os prejuízos acumulam-se, diz Samira Oliveira, gerente de um espaço na Achada Santo António, que tem lidado com apagões superiores a 12 horas.
"Perdemos carne, peixe e até saladas, porque com este calor nada aguenta de um dia para o outro. Ontem fechámos às 18:00, quando devíamos estar abertos até à meia-noite. As bebidas ficam quentes, a máquina de café não funciona e somos obrigados a encerrar mais cedo. É um prejuízo enorme", lamenta.
Em muitos locais da capital, sem energia, também não há forma de bombear a água para as torneiras, o que representa uma dificuldade acrescida em casa ou no trabalho.
Carpintarias, oficinas, são outros exemplos de locais parados, sem conseguir dar resposta aos pedidos de clientes, segundo relatos ouvidos pela Lusa.
Nos minimercados, há produtos descongelados e bebidas quentes nos frigoríficos.
Pela cidade da Praia, os efeitos estão à vista, inclusivamente nos serviços públicos.
Nos correios, o atendimento chega a ficar paralisado durante horas, afetando principalmente o envio de encomendas.
Balcões de atendimento como a Casa do Cidadão ou outros deixam de funcionar, como explicaram utentes que tentavam tratar da renovação do cartão nacional de identificação ou da autorização de residência para estrangeiros, mas sem conseguirem.
Empresários e pequenos vendedores que dependem da internet queixam-se de perdas.
O ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro, explicou, há uma semana, que metade dos seis grupos geradores da ilha de Santiago sofreu avarias, e depende de peças do exterior.
"Nunca tivemos esta situação nos últimos anos", disse, numa entrevista à televisão pública, classificando-a como uma "anormalidade", prometendo planos para haver mais potência de reserva nestas situações.
Na segunda-feira, a Empresa de Produção de Eletricidade (EPEC) informou que um conjunto de peças tinha chegado e chegou a ser instalado, mas voltou a registar-se uma nova avaria.
"Até à resolução, com apenas três grupos operacionais, poderá ser necessário manter cortes de energia por défice de potência", comunicou a empresa, acrescentando que vai reforçar a manutenção da central.
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