"A professora trancou a porta e mandou-nos baixar. Ouvi muitos tiros. Foi terrível, pensei que ia morrer." Ainda assustado, Marcus Vinícius, de 10 anos, descreve o terror que viveu ontem de manhã na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, onde um homem armado matou a tiro 11 alunos com idades entre os 12 e os 14 anos e feriu outros 18. O atirador, Wellington Menezes Oliveira, de 23 anos, ex-aluno, matou-se com um tiro na cabeça quando a polícia chegou.<br/>
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Wellington entrou na escola cerca das oito horas da manhã, quando as aulas já tinham começado, alegando que ia dar uma palestra. Na bolsa que carregava, e que não foi revistada, estavam dois revólveres calibre 38, mais de cem balas e um carregador rápido, que permite carregar cada revólver com seis projécteis de uma só vez, o que ele fez inúmeras vezes.
Segundo testemunhas, o atirador foi para o andar superior, abriu a porta de uma sala do oitavo ano e, sem dizer uma só palavra, começou a disparar contra as cerca de 40 crianças que lá estavam. A intenção, afirma o coronel Djalma Beltrame, da polícia carioca, era claramente matar, pois Wellington, que revelou extremo à-vontade no uso de armas de fogo, atingiu deliberadamente as vítimas na cabeça e no tórax.
A tragédia, inédita no Brasil, poderia ter tido dimensões ainda mais graves não fosse o facto de estar a decorrer no bairro uma acção de fiscalização de trânsito. Um menino, mesmo baleado no rosto, conseguiu fugir e foi pedir ajuda aos fiscais, que estavam acompanhados por alguns polícias.
Um deles correu imediatamente para o interior da escola, e, ao avistar o atirador de armas nas mãos, abriu fogo, atingindo-o numa perna. Ao ver-se ferido e encurralado Wellington virou a arma contra si próprio e suicidou--se com um tiro na cabeça.
ASSASSINO DEIXOU CARTA
Wellington Oliveira deixou uma carta na qual afirma ser portador do vírus HIV e dá instruções detalhadas sobre o seu funeral, proibindo "fornicadores, adúlteros e outros impuros" de tocar o seu corpo. Pede ainda para pedirem perdão por ele a Jesus.
JOVEM RESERVADO E ESTRANHO
O atirador, Wellington Menezes Oliveira, é descrito por familiares e vizinhos como um jovem muito reservado e sem vida social, que nos últimos tempos estaria ligado a movimentos fundamentalistas islâmicos através da internet.
"Ele era muito estranho, vivia ligado na internet, não tinha amigos e só falava nesse negócio dos muçulmanos", afirmou a irmã adoptiva de Wellington, Roselaine Oliveira, de 49 anos. Wellington, diz Roselaine, foi adoptado pelos pais dela, que tinham cinco filhos, e ficou muito abalado quando a mãe adoptiva morreu de enfarte.
O atirador viveu na casa da família, perto da escola onde perpetrou o massacre, até há cerca de um ano, mudando-se então para outra região, Sepetiba. Em Outubro, quando visitou a família, parecia ainda mais estranho que antes, surpreendeu todos ao aparecer com uma barba muito grande e a falar do islamismo.
A vizinha Elda Lira, de 55 anos, também sempre considerou Wellington estranho. "Sempre tive um relacionamento muito bom com os irmãos, mas ele era muito fechado, vivia isolado", afirma. Já a jornalista Karen Mendes, de 31 anos, que conhecia Wellington desde a infância, nunca imaginou que fosse capaz de uma loucura como a que fez.
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