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Brasil acusa Israel de não ter “qualquer limite ético ou legal” em Gaza e encoraja o mundo a reagir

Governo brasileiro criticou ainda as declarações inadequadas e ofensivas feitas às vítimas após tragédia.

01 de março de 2024 às 14:04

Num duríssimo comunicado oficial divulgado esta sexta-feira, o governo do Brasil acusou o governo de Israel de não ter qualquer limite ético ou legal e estar a cometer atrocidades em Gaza, a que a comunidade internacional tem de se opor e tentar fazer cessar.

O duro ataque acontece um dia após o mundo assistir chocado a tanques de Israel a atirarem contra pessoas famintas, indefesas e desarmadas que cercavam camiões de distribuição de alimentos em Gaza, matando mais de 100 e deixando feridas, à bala ou por atropelamento pelos pesados veículos de guerra, outras 750.

"O governo Netanyahu volta a mostrar, por acções e declarações, que a acção militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal. Cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades. A cada dia de hesitação, mais inocentes morrerão", lê-se no comunicado emitido esta sexta-feira por Brasília, que, com certeza, vai aumentar ainda mais a já grave crise diplomática entre o Brasil e Israel.

No passado dia 18 de Fevereiro, ao falar com jornalistas em Adis Adeba, capital da Etiópia, após participar como convidado na Cimeira da União Africana, Lula da Silva comparou as mortes de dezenas de milhar de palestinianos inocentes, a maioria mulheres e crianças, provocadas por Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus por Hitler, abrindo uma violenta troca de declarações entre governantes dos dois países.

Benjamyn Netanyahu, aliado do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, afirmou que só a ignorância poderia explicar a afirmação de Lula, que foi imediatamente declarado "persona non grata" pelo governo de Israel, e passou a ser ofendido e ridicularizado quase diariamente nas redes sociais pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz.

Israel convocou o embaixador do Brasil, Frederico Meier, para dar explicações, o que seria normal numa situação como essa, mas, num claro gesto de afronta, marcou a reunião não na sede da diplomacia israelita, mas sim no Museu do Holocausto, e chamou a imprensa para registar a descompostura ao diplomata, feita em hebraico e não em inglês.

O Brasil, por seu turno, após esse gesto nada diplomático de Israel, mandou o embaixador regressar a Brasília, onde ainda se encontra, para  dar explicações ao embaixador de Israel, Daniel Zonshine. Há pressões cada vez mais fortes para a expulsão deste do país.

No comunicado desta sexta-feira, o governo de Lula da Silva também critica as declarações inadequadas e ofensivas às vítimas feitas após a tragédia por altas autoridades de Israel. E conclui afirmando que essas declarações, que classificou como "cínicas e ofensivas", devem ser "a gota de água para qualquer um que realmente acredite no valor da vida humana".

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