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Brasil tenta retomar o abastecimento com a ajuda de militares

Soldados do Exército em camiões, blindados e até em helicópteros escoltaram cargas desde os centros de distribuição até aos seus locais de destino.

29 de maio de 2018 às 20:58

O Brasil começou esta terça-feira, nono dia consecutivo de greve e bloqueios de estradas por camionistas em protesto contra o preço do diesel, a tentar retomar parcialmente o abastecimento de combustíveis, alimentos e medicamentos. Para isso, soldados do Exército em camiões, blindados e até em helicópteros escoltaram cargas desde os centros de distribuição até aos seus locais de destino.

Com isso, segundo dados das autoridades locais, o Rio de Janeiro já tinha conseguido abastecer no final da tarde 15% dos postos de gasolina e São Paulo cerca de 12%. Filas quilométricas formavam-se nessa altura junto aos postos de combustível que tinham recebido gasolina, diesel e álcool, mantendo os transtornos para milhões de cidadãos mas dando a esperança de que nos próximos dias o abastecimento seja normalizado.

Também com escoltas militares e da polícia, camiões com alimentos começaram a abastecer parcialmente grandes redes de supermercados, onde, após tantos dias de paralisação, já faltava quase tudo e havia limite de compras para os clientes. Caças e helicópteros militares também começaram a ser usados para fazerem chegar a hospitais de várias cidades produtos essenciais, como garrafas de oxigénio para os pacientes internados e produtos usados em hemodiálise.

De acordo com a associação que representa os supermercados, se o governo conseguir manter esses já chamados de "corredores de abastecimento", a situação assim mesmo deverá demorar cerca de 10 dias para se normalizar totalmente. Já a associação ligada aos combustíveis avançou que precisa de ao menos uma semana para que gasolina, diesel e álcool combustível, muito usado no Brasil, cheguem a todas as cidades do país.

Esta terça-feira, escolas, universidades, lojas, empresas e repartições públicas de centenas de cidades continuaram fechadas, e o trânsito nas normalmente caóticas grandes capitais regionais continuava inferior ao de um feriado. Mesmo assim, com a retomada, apesar de parcial, do abastecimento de combustíveis, cidades que tinham cancelado o transporte público colocaram alguns autocarros na rua e outras que trabalhavam com menos de 40% da frota, como as gigantes Rio e São Paulo, aumentaram a oferta de veículos à população.

Desde domingo à noite, quando o presidente Michel Temer cedeu a todas as exigências das entidades que representam os camionistas em greve, esperava-se que a situação se normalizasse rapidamente, mas não foi o que aconteceu. Algumas entidades consideraram o acordo insuficiente ou vago de mais, motoristas desconfiam das promessas de Temer e preferem esperar até que todas sejam cumpridas antes de voltarem ao trabalho e, além disso, outras categorias profissionais começaram a protestar também contra os aumentos diários dos combustíveis, já que apenas os camionistas foram contemplados com descontos.

Segundo o governo central, esta terça-feira não havia mais nenhuma estrada bloqueada no Brasil, mas camionistas continuavam parados nas bermas em 25 dos 27 estados brasileiros, apesar de em número a cada dia menor. Reportagens exibidas ao vivo pelas emissoras de televisão mostravam no entanto um cenário diferente, com bloqueios até em São Paulo e outros estados importantes para o fluxo rodoviário e de abastecimento.

Desde a manhã de ontem, ao contrário do que aconteceu ao longo de toda a greve, começaram a registar-se confrontos entre grupos isolados de manifestantes e a polícia em várias regiões do país. Mas, segundo as autoridades, nenhum desses manifestantes é camionista, e sim agitadores que aproveitam a greve dos profissionais do volante para tumultuarem ainda mais a situação social e política do país. 

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