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Catalunha acorda dividida no dia a seguir ao referendo

Participaram na consulta ilegal 42% dos eleitores. Sim à independência teve 90% dos votos.

02 de outubro de 2017 às 11:23

Os catalães acordaram esta segunda-feira mais divididos do que nunca depois da realização no domingo de um referendo ilegal muito polémico em que apenas 42% dos eleitores foram votar para decidir por esmagadora maioria que desejam ser independentes de Espanha.

Às primeiras horas da manhã parecia que nada se tinha passado, com milhares de turistas a inundar, como todos os dias, o centro da cidade e os principais locais de visita da metrópole de 1,6 milhões de habitantes, capital da Comunidade Autónoma da Catalunha.

No domingo, o tão esperado referendo sobre a independência da Catalunha foi boicotado pelos movimentos e partidos que não apoiam a separação da Catalunha de Espanha, apesar de muitos deles também defenderem a realização de uma consulta popular na região, mas feita de acordo com as regras aceites por todos e não apenas de uma das partes.

O governo regional (Generalitat) anunciou na madrugada de segunda-feira que 90% dos catalães votaram a favor da independência no referendo, tendo exercido o direito de voto 42 por cento dos 5,3 milhões de eleitores.

A consulta popular foi marcada pela Generalitat, dominada pelos separatistas, tendo o Estado espanhol, nomeadamente o Tribunal Constitucional, declarado que a consulta era ilegal.

União Europeia apela ao diálogo

A porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas apelou esta segunda-feira ao diálogo entre o governo espanhol e os responsáveis políticos da Catalunha. Sublinhando que o referendo realizado este domingo não foi legal, a responsável que o assunto não pode ser ignorado. "De acordo com a constituição espanhola, o voto de ontem na Catalunha não foi legal. Este é um assunto interno da Espanha e tem de ser tratado de acordo com a ordem constitucional de espanhola. É tempo de unidade e diálogo, não de violência".

Violência policial

A votação de domingo foi marcada pela intervenção da polícia espanhola, que tentou encerrar da parte da manhã alguns centros eleitorais, numa ação que teve momentos muito violentos, que passaram nas televisões de todo o mundo.

Os resultados finais do referendo são impossíveis de certificar com as garantias normais para consultas deste tipo e não têm a homologação internacional.

Por outro lado, a Generalitat decidiu no último momento que a votação podia ser feita sem utilização de envelope e realizada em qualquer assembleia de voto com a ajuda de um sistema informático que se revelou instável, tendo levado a que em várias mesas se votasse sem qualquer verificação prévia.

O presidente do Governo regional, Carles Puigdemont, criticou a "brutalidade policial" e a "repressão enlouquecida" exercida contra os votantes e lançou um apelo à União Europeia para deixar de considerar a questão catalã como "uma questão interna" de Espanha.

Puigdemont anunciou ainda a sua intenção de levar os resultados do que considera ser um referendo vinculativo ao parlamento regional para decidir se declara a independência.

Por seu lado, o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, defendeu a atuação das forças de segurança: "Fizemos o que tínhamos de fazer. Cumprimos a lei", declarou no final de domingo.

Rajoy sublinhou que o referendo "não existiu" e assegurou que deixa a partir de agora aberta uma "porta de diálogo", se respeitar o Estado de direito.

Por seu lado, os líderes dos principais sindicatos da Catalunha lançaram esta segunda-feira um pedido para toda a sociedade catalã participar na terça-feira numa "paragem geral" de trabalho que altere a atividade normal nos centros de trabalho, como resposta à "violência" exercida pelas forças de segurança.

Os dirigentes sindicais explicam que não estão a convocar uma greve geral porque não se trata de um conflito laboral, mas sim uma "grande mobilização" perante a "desproporcionada" atuação da polícia.

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