Candidatos dizem que processo foi "feito em cima do joelho" e que a comunidade em França desconhece o escrutínio.
Mesmo estando há quatro anos à espera das eleições, os candidatos ao Conselho das Comunidades Portuguesas em França dizem que o processo foi "feito em cima do joelho" e que a comunidade em França, uma das maiores do mundo, desconhece o escrutínio.
"Por um lado estamos contentes por ter finalmente uma data para as eleições, mas as pessoas não vão participar porque não há comunicação. Parece que tudo é planeado em cima do joelho. Eu até mandei um email à CNE a pedir que fossem enviados documentos para as associações para que possamos entregar alguma coisa em mão própria, mas foi negado. Só há informação digital, o que não faz sentido", disse Rui Barata, atual conselheiro e único candidato à área consular de Estrasburgo, em declarações à agência Lusa.
A França é o segundo país do mundo a eleger mais conselheiros das comunidades portuguesas, a seguir ao Brasil, mas a falta de informação para os cerca de 400 mil portugueses recenseados no país é uma das maiores queixas dos candidatos. Os conselheiros estão distribuídos por quatro áreas consulares, mas as queixas por falta de informação são comuns a todos.
"Se as pessoas nem sequer sabem se estão inscritas nas listas, como é que vão saber das eleições? Ainda para mais uma eleição onde só há três mesas de voto na região consular de Paris e como não há voto por correspondência sabe-se ainda menos. Precisávamos usar a comunicação do Estado, enviando uma carta a toda a gente, utilizando a comunicação social das comunidades que até vão fazendo o trabalho e os próprios meios de comunicação em Portugal", afirmou João Martins Pereira, candidato estreante a conselheiro em Paris pela lista "Pela defesa dos direitos dos portugueses no Estrangeiro".
Chegou a ser ponderada a instalação de mesas de voto em associações ou outros locais acreditados, mas as autoridades portuguesas acabaram por negar essa possibilidade, restringindo o voto aos consulados e nalguns consulados honorários. Isto faz com que muitos portugueses sejam obrigados a percorrer centenas de quilómetros, como é o caso de Lille ou Nantes, que têm de vir a Paris, se quiserem votar nos conselheiros, já que não houve desmaterialização dos cadernos eleitorais.
"Voltámos aos anos 40, a utilizar papel. Num momento crucial em que a Websummit acabou de decorrer em Lisboa. Isto seria para rir, caso não fosse trágico. Em França são perto de 400 mil eleitores, cerca de 220 mil só em Paris, imaginemos os cadernos. Até é um problema ambiental", disse Paulo Marques, conselheiro e candidato na lista "Paulo Marques: Cívica em defesa dos emigrantes".
Paulo Marques foi até agora presidente dos conselheiros em França e considera que nos últimos anos foram feitas promessas vãs aos portugueses no estrangeiro como um teste de voto eletrónico nestas eleições, deixando a comunidade alheia a esta votação.
"Não temos tempo de fazer qualquer pedagogia sobre o Conselho das Comunidades Portuguesas. Há oito anos que não havia eleições, então a comunidade está alheia a este órgão até porque nos últimos anos foi difícil. Sentimo-nos enganados, porque era para haver teste eletrónico e não houve, depois não podia haver eleições por causa da covid-19 e as comunidades ficam sempre em último lugar", declarou.
Paris tem duas listas candidatas, assim como Bordéus-Toulouse e Lyon-Marselha. Paulo Marques prefere não falar em rivalidades, já que como a distribuição se faz através do método de Hondt, provavelmente todos virão a trabalhar juntos.
Quanto ao interesse para se candidatar pela primeira vez, João Martins Pereira acha importante agitar as discussões deste órgão.
"Já há muitos anos que esta instituição me interessa, porque é muito particular para a comunidade já que nos representa e é a única instituição consultiva do Governo diretamente eleita pelos cidadãos. E tinha esta sensação que é algo que não se usa ao máximo e que até é difícil encontrar informação sobre o CCP. Eu quero dar um pontapé ali dentro e é interessante utilizar esta eleição para renovar os perfis dos conselheiros", afirmou.
Para voltar a candidatar-se, Rui Barata falou na importância de não deixar o trabalho a meio, tendo como principal objetivo a implementação do voto eletrónico para os portugueses que vivem no estrangeiro em todos os escrutínios em Portugal.
"Não queria deixar o trabalho a meio e esse foi o principal motivo e o segundo é perceber que sem a nossa lista, não haveria representatividade. O nosso grande objetivo será sempre que o voto dos portugueses fora de Portugal seja facilitado e que possam votar pela internet. Esta é a nossa meta", concluiu.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.