Isabel Sousa Cardoso referiu que "a campanha é inexistente" e queixa-se que nem nos debates em Portugal se fala dos emigrantes e dos seus problemas.
Portugueses em França dizem sentir-se esquecidos na campanha eleitoral, com muitos eleitores a denunciarem pouca informação sobre candidatos e programas, assim como falta de representatividade sem cabeças de lista dos maiores partidos a virem da comunidade.
"Os partidos vão gastar cerca de sete milhões de euros nesta campanha e eu gostaria que cada partido tornasse público quais foram as verbas que aplicaram para os dois círculos da emigração e que depois fizéssemos a divisão pelo número de eleitores. Parece-me que o investimento quase inexistente", afirmou Rui Ribeiro Barata, conselheiro das Comunidades Portuguesas em Estrasburgo, em declarações à agência Lusa.
Os portugueses registados nos consulados em França estão a receber corretamente os seus boletins de voto pelo correio, mas questionam-se sobre o investimento dos diferentes partidos políticos na campanha eleitoral, já que muitos se queixam nas redes sociais e entre os seus pares de falta de informação para escolher entre as diferentes formações políticas.
"As cartas estão a chegar ao domicílio dos portugueses e esta semana tive um telefone de uma portuguesa a dizer que não sabia em quem votar porque não tem qualquer informação sobre o que cada lista propõe", relatou o conselheiro.
Também Isabel Sousa Cardoso, dirigente da Associação Cultural Portuguesa de Estrasburgo, referiu que "a campanha é inexistente" e queixa-se que nem nos debates em Portugal se fala dos emigrantes e dos seus problemas.
"A campanha eleitoral está a ser quase inexistente e na campanha em Portugal pouco se fala da emigração. Quando se assiste aos debates, os cinco milhões de portugueses fora de Portugal pouco ou nada são mencionados. Isso é pena", lamentou a dirigente associativa, que integra também o PSD em França.
Para Isabel Sousa Cardoso, a covid-19 não deve ser desculpa para a falta de campanha nos círculos da Europa e fora da Europa, já que há outras formas de chegar aos eleitores.
"A covid é uma desculpa esfarrapada [para a falta de campanha]. Quem quer chegar às pessoas chega, através das redes sociais, panfletos, e-mails", indicou.
No entanto, estas eleições legislativas antecipadas só vieram agravar queixas antigas da comunidade, como a falta de representatividade na Assembleia da República e no próprio Governo.
"As pessoas não compreendem porque é só podemos eleger quatro deputados. A pergunta que me colocam é também porque é que não há um ou uma secretária de Estado oriunda das comunidades", disse Isabel Barradas, funcionária consular em Bordéus, que integra a Comissão Política Nacional do PS.
Constam das listas eleitorais para o escrutínio de 30 de janeiro no círculo da Europa 926.312 eleitores e 595.478 no círculo fora da Europa, um número que aumentou exponencialmente após o recenseamento automático dos portugueses no estrangeiro, em 2018. Apesar disso, estes dois círculos só elegem dois deputados cada, uma discrepância face a outros círculos em Portugal com menos população que elegem mais deputados.
"Esta fórmula de quatro deputados no estrangeiro vem de 1978, todos os círculos eleitorais em Portugal sofrem atualizações mediante os censos, exceto os círculos da emigração", lamentou Rui Ribeiro Barata, dando voz a uma reivindicação antiga do Conselho das Comunidades Portuguesas.
Para Isabel Sousa Cardoso, o problema é também a falta de candidatos, especialmente cabeças de lista, oriundos das comunidades, tendo em conta que França, por exemplo, tem milhares de eleitos a nível local e regional de origem portuguesa.
"Então os portugueses têm qualidade para ser eleitos cá fora, mas não para serem eleitos em Portugal? Nós temos gente com muito talento e boa vontade", questionou a dirigente associativa.
Mesmo pertencendo à secção do PSD em França, Isabel Sousa Cardoso considera que há uma "desilusão" quando o seu próprio partido não ouve as suas estruturas nas comunidades e não leva em conta as propostas para candidatos vindos de pessoas que estão emigradas ou portugueses nascidos noutros países.
"Esses candidatos ficam em número dois ou suplentes, isso não dá motivação para ir votar", lamentou.
Para Isabel Barradas, é também necessário haver mais portugueses das comunidades nas estruturas internas dos partidos, de forma a mudar a atual lógica de nomeação dos candidatos.
"Ainda somos poucos das comunidades a integrar os órgãos dirigentes dos partidos políticos. Começa a haver uma sensibilidade, mas não somos suficientes", disse a socialista.
Para mudar este cenário, Isabel Barradas considerou que o melhor sinal era nomear um membro do próximo Governo oriundo das comunidades.
"O sinal mais importante que o próximo ou próxima secretária de Estado das Comunidades seja alguém oriundo das comunidades, ou outro membro do Governo. Acho que seria um gesto forte", concluiu.
O Presidente da República convocou eleições legislativas antecipadas para 30 janeiro de 2022 na sequência do "chumbo" do Orçamento do Estado de 2022, no parlamento, em 27 de outubro.
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