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Escândalos de corrupção em Kiev podem afetar apoio europeu

Primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, observou que já tinha alertado Zelensky para a necessidade de ser extremamente sensível até aos mais pequenos sinais de corrupção no seu círculo.

14 de novembro de 2025 às 22:58

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, alertou esta sexta-feira que o surgimento de novos escândalos de corrupção pode dificultar a manutenção de um consenso europeu sobre a ajuda à Ucrânia face aos ataques russos.

Tusk observou que já tinha alertado o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para a necessidade de ser extremamente sensível até aos mais pequenos sinais de corrupção no seu círculo, uma vez que isso também afeta a sua reputação, segundo a agência Ukrinform.

O primeiro-ministro polaco e ex-presidente do Conselho Europeu afirmou que Zelensky reagiu de forma decidida ao escândalo no sector energético eq ue o Estado ucraniano está determinado a processar os responsáveis, mas que as consequências do escândalo já se fizeram sentir e que o custo será muito elevado.

Os ministros da Energia e da Justiça ucranianos tiveram de se demitir na quarta-feira, depois de uma entidade anti corrupção ter anunciado o desmantelamento de um vasto esquema de corrupção no setor energético.

O esquema envolvia vários funcionários ucranianos e um empresário próximo de Zelensky, e subornos no valor de 100 milhões de dólares (86 milhões de euros, ao câmbio atual).

De acordo com Tusk, as forças russas e pró-russas na Europa estão a disseminar ativamente narrativas sobre a alegada corrupção na Ucrânia independente.

Salientou ainda que, na Polónia e em vários outros países, as pessoas estão cansadas da guerra e dos seus custos, o que dificulta a manutenção do apoio à Ucrânia na sua defesa dos ataques da Rússia e alertou que, se os escândalos de corrupção continuarem a ocorrer na Ucrânia, será cada vez mais difícil persuadir os vários parceiros a demonstrarem solidariedade com o país.

O primeiro-ministro polaco alertou ainda as autoridades ucranianas para se precavessem contra o que descreveu como o modelo russo de corrupção, explicando que tolerar tais ações poderia comprometer o esforço de guerra da Ucrânia.

O escândalo surge numa altura particularmente difícil na frente de batalha, com o exército ucraniano a recuar em várias regiões perante o avanço das tropas russas.

Ocorre também num momento em que a Alemanha tinha acabado de anunciar, no início de novembro, um aumento do apoio à Ucrânia em três mil milhões de euros em 2026, elevando-o para cerca de 11,5 mil milhões.

O chanceler alemão exigiu na quarta-feira ao Presidente ucraniano uma luta enérgica contra a corrupção, depois de a Ucrânia ter sido abalada por um escândalo de subornos, anunciou o gabinete de Friedrich Merz.

Numa conversa telefónica, Merz "sublinhou que o Governo alemão espera que a Ucrânia avance com energia na luta contra a corrupção, bem como noutras reformas, em particular no domínio do Estado de direito", disse a chancelaria num comunicado.

De acordo com o gabinete do chefe do Governo alemão, Zelensky garantiu que as autoridades ucranianas estavam determinadas a recuperar a confiança dos aliados após este caso.

Zelensky prometeu "a implementação rápida de novas medidas destinadas a restaurar a confiança da população ucraniana, dos parceiros europeus e dos doadores internacionais", disse o gabinete de Merz, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

O Governo alemão anunciou na quarta-feira que os pagamentos à Ucrânia iriam continuar, embora manifestando preocupação com o escândalo de corrupção, tendo em conta a ajuda da Alemanha ao setor energético ucraniano.

A Ucrânia está extremamente dependente da ajuda ocidental para resistir à invasão russa e a luta contra a corrupção tem sido uma exigência dos aliados desde antes da guerra.

A Alemanha é o principal doador da Ucrânia na Europa e o segundo mundialmente, atrás dos Estados Unidos.

Berlim participa no armamento de Kiev contra Moscovo, e nas reparações e proteção da rede energética ucraniana, devastada pelos ataques russos desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.

A Ucrânia é candidata à União Europeia e as reformas anti corrupção fazem parte dos critérios para a adesão.

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