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Exército expulsa cabo vítima de violência doméstica e assédio laboral sem pensão

Cabo do exército espanhol foi expulsa após 17 anos de serviço.

20 de março de 2019 às 11:49

Uma cabo do exército espanhol, maltratada pelo marido e assediada por um superior, foi expulsa após 17 anos de serviço sem direito a pensão. Segundo o El País, em causa está um transtorno psicológico.

María de Las Carmelias sofreu abusos por parte do marido durante vários anos. Em novembro de 2014, o seu marido foi condenado a uma pena de oito anos e três meses de prisão por oito delitos de maus-tratos, ameaças e coações. De acordo com a sentença, após um acidente de mota, o homem tornou-se "irascível, agressivo e violento", tendo ameaçado a mulher de morte. Apesar da separação do casal, os maus-tratos não terminaram – chegando o homem a ligar à militar mais de 20 vezes por dia.

Numa das situações de abuso, María dirigiu-se ao quartel da Guardia Civil para pedir ajuda. "Tanto me faz, vou matar a minha mulher. Se me quiserem deter, façam-no", disse o marido, que acabou detido e condenado a uma ordem de afastamento de 500 metros. Segundo o jornal, o incumprimento da ordem levou o homem a ser condenado a prisão preventiva – tendo ficado com pulseira eletrónica.

"Como consequência da conduta do acusado", a cabo "sofreu um transtorno de ansiedade depressivo em relação a uma situação de violência de género que obrigou a tratamento médico e psicológico com medicação (antidepressivos e ansiolíticos) desde 2012", revela a sentença.

A junta médica militar que examinou a mulher assegurou que sofre de uma epilepsia parcial controlada e assintomática e de um transtorno depressivo que se agravou em 2011. No entanto, os médicos não se pronunciam sobre a origem da doença e garantem que não se deve a nenhum motivo concreto.

Os médicos classificam ainda como "circunstancias laborais" um caso de assédio que a mulher sofreu no local de trabalho. De acordo com um relato que fez à sua psicóloga, em março de 2005 – grávida de quatro meses –, o seu superior obrigou-a a cavar valas. A militar disse que tinha sido aconselhada a não carregar pesos e contou ao superior que não se sentia bem. O sargento obrigou-a a continuar o trabalho e a mulher acabou por perder o bebé.

Superiores hierárquicos da cabo dirigiram-se ao hospital e convenceram-na a não denunciar o sargento. Em troca, prometeram-lhe uma mudança de sítio – tendo sido destacada para Segovia, onde "recuperou a estabilidade física e laboral". Contudo, o mesmo sargento que a tinha obrigado a trabalhar grávida foi destacado para a mesma unidade que a mulher e os abusos continuaram.

María queixou-se a um superior, que num primeiro momento lhe disse para ser forte e a destacou para trabalhar na cozinha.

A 13 de novembro, a mulher – com dois filhos de seis e nove anos – foi expulsa do exército com uma baixa forçada. Por ter sido considerado que não existe uma relação entre a sua doença e os abusos que sofreu não lhe foi atribuída pensão.

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