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Fintou postos militares disfarçada, viajou num barco de madeira e teve a ajuda dos EUA. Como Corina Machado fugiu da Venezuela

Plano para levar a Nobel da Paz até à capital Oslo, na Noruega, começou a ser preparado há dois meses. Viagem começou segunda-feira debaixo de enorme secrestismo.

11 de dezembro de 2025 às 12:58
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“A Venezuela será livre”: María Corina Machado fala pela primeira vez 11 meses após fugir ao regime de Maduro

AP

A viagem da opositora venezuelana e Nobel da Paz María Corina Machado até Oslo, na Noruega, foi feita debaixo de um enorme secretismo devido ao facto de viver na clandestinidade e estar sob a mira do regime opressivo de Nicólas Maduro. O jornal norte-americano The Wall Street Journal, contudo, desvendou alguns pormenores da odisseia, que incluiu disfarces, uma viagem num barco de madeira de pescadores e o precioso auxílio dos Estados Unidos.

María Corina Machado, recorde-se, não chegou à capital norueguesa a tempo de receber o Prémio Nobel na quarta-feira (foi recebido pela filha, Ana Corina Sosa). Mas nesta madrugada fez uma aparição na varanda do hotel onde se encontra instalada em Oslo, acenando para centenas de pessoas que a saudaram.

Segundo o The Wall Street Journal, para conseguir sair da Venezuela, María Corina Machado usou um disfarce, que incluiu uma peruca, e conseguiu passar por 10 postos de controlo militares sem ser detida.

Saiu do país na segunda-feira num barco de madeira de pescadores, partindo de uma vila costeira na Venezuela rumo à ilha Curaçau, no Caribe. As autoridades dos EUA foram avisadas para evitar qualquer ataque ao barco.

Já em Curaçau, apanhou um jato particular rumo a Oslo, com a ajuda de um operacional norte-americano habituado a lidar com este tipo de missões, especialmente destacado pela admnistração Trump.

O plano, de acordo com o mesmo jornal, demorou dois meses a ser preparado. María Corina teve a ajuda de uma rede venezuelana que auxilia pessoas a fugir do país e os Estados Unidos também participaram na operação - além do operacional que a ajudou em Curaçau, dois caças F-16 americanos foram vistos perto da ilha na noite de terça-feira.

Numa entrevista à BBC já em Oslo, apesar de não ter entrado em grandes pormenores sobre a viagem, fez questão de agradecer a todos os que a ajudaram: "Eles [o governo venezuelano] dizem que sou uma terrorista, que devo ficar presa para resto da vida e que estão à minha procura. Por isso, sair da Venezuela nestas circunstâncias, é muito, muito perigoso. Quero apenas dizer que estou aqui porque muitos homens e mulheres arriscaram as suas vidas para que eu pudesse chegar a Oslo."

Na mesma entrevista, confessou que nos últimos anos, por estar na clandestinidade, perdeu os casamentos de dois filhos. "Durante 16 meses não pude abraçar ninguém. De repente, em poucas horas, já em Oslo, consegui ver as pessoas que mais amo (os filhos e a mãe), tocá-las, chorar e rezar juntas", referiu, apresentando-se com vários terços pendurados ao pescoço que lhe foram dados por apoiantes que a aguardavam nas imediações do hotel em Oslo.

"Vou estar no lugar em que for mais útil para nossa causa", inidcou ainda na entrevista à BBC. "Até há pouco tempo, eu acreditava que esse lugar era a Venezuela; o lugar em que acredito que devo estar hoje, em nome da nossa causa, é em Oslo", acrescentou.

Considerada uma das vozes mais importantes da oposição venezuelana, María Corina Machado há muito que denuncia o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, como "criminoso" e pede que o povo venezuelano se una para tirá-lo do poder.

Foi impedida de concorrer às eleições presidenciais do ano passado, nas quais Maduro obteve um terceiro mandato de seis anos. A votação foi rejeitada por grande parte da comunidade internacional por não ser livre nem justa, e vários países não reconhecem o governo venezuelano, entre eles Portugal.

Maduro ameaçou-a várias vezes de prisão e no mês passado um procurador afirmou que Corina Machado seria considerada fugitiva caso viajasse para a Noruega para receber o Nobel da Paz, garantindo que se tal acontecesse seria acusada de "atos de conspiração, incitação ao ódio e terrorismo".

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