Quatro jornalistas foram condenados a cinco anos e meio de prisão por um tribunal de Moscovo por colaborarem com Navalny.
A França exigiu esta quarta-feira a libertação imediata de quatro jornalistas russos condenados na terça-feira em Moscovo por colaborar com a organização "extremista" do líder da oposição Alexei Navalny, que morreu na prisão.
"Este julgamento dos jornalistas é mais uma demonstração das autoridades russas no seu desejo de suprimir todas as opiniões divergentes", disse Christophe Lemoine, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, pedindo "a libertação imediata e incondicional de todos os processados por motivos políticos".
Terça-feira, os quatro jornalistas -- Antonina Kravtsova, Serguei Kareline, Konstantin Gabov e Artiom Krieger -- foram condenados a cinco anos e meio de prisão por um tribunal de Moscovo por colaborarem com Navalny.
A pena pronunciada pela juíza Natalia Borissenkova, na presença de diplomatas europeus, foi ligeiramente inferior aos cinco anos e 11 meses solicitados pela procuradora. Todos rejeitaram as acusações apresentadas pela justiça russa.
Os quatro jornalistas foram detidos na primavera e no verão de 2024 e julgados à porta fechada, procedimento cada vez mais comum na Rússia neste tipo de processos.
O movimento de Navalny, principal opositor do Presidente russo, Vladimir Putin, até morrer em circunstâncias misteriosas durante a detenção, em fevereiro de 2024, tem vindo a ser sistematicamente desmantelado nos últimos anos.
Aliados e apoiantes foram forçados ao exílio ou presos e a justiça russa já não se limita apenas aos colaboradores diretos de Navalny.
Antonina Kravtsova, que trabalhava com o nome de Antonina Favorskaïa, cobria com frequência os julgamentos de Alexei Navalny para o canal SOTAvision.
Foi ela quem gravou, a 15 de fevereiro de 2024, o último vídeo em que Navalny aparece com vida, durante uma audiência judicial realizada por videoconferência a partir da prisão onde se encontrava no Ártico, na véspera da morte.
Os repórteres Serguei Kareline e Konstantin Gabov foram acusados de participar na produção de vídeos para a equipa de Navalny. O primeiro colaborou anteriormente com a agência de notícias Reuters e o segundo com a Associated Press (AP).
Artiom Krieger, também jornalista da SOTAvision, é igualmente acusado de ter colaborado com a organização anticorrupção do opositor.
As autoridades russas têm vindo a intensificar nos últimos meses a pressão sobre os últimos meios de comunicação independentes e estrangeiros na Rússia, num contexto de repressão generalizada contra as vozes críticas da ofensiva na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
Vários jornalistas russos foram condenados nos últimos anos a pesadas penas, sob diversas acusações.
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