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Governo de Israel cede a protestos e recua na controversa proposta de reforma judicial

Segunda-feira marcada por manifestações em todo o país.

27 de março de 2023 às 17:32

O ministro da Segurança Nacional israelita anunciou esta segunda-feira que a controversa proposta de reforma judicial no país foi suspensa por várias semanas. A medida representa um recuo do governo de coligação liderado pelo primeiro-ministro Benjamin "Bibi" Netanyahu face aos protestos generalizados a todo o país.

Parceiro do Governo de coligação do primeiro-ministro, Itamar Ben-Gvir disse ter concordado com a suspensão da legislação até à sessão de verão do Parlamento (Knesset) prevista para 30 de abril.

O ministro indicou ainda que esta pausa permitirá ao Governo procurar um compromisso com a oposição, medida que talvez possa travar os protestos que estão a afetar vários setores da atividade.

No principal aeroporto de Israel, o ‘Ben Gurion’, em Tel Aviv, os aviões permanecem em terra devido às greves que afetam vários setores laborais no estado judaico. Os tumultos no país estão a condicionar o tráfego no aeroporto da antiga capital, o que está a deixar Israel praticamente sem ligações aéreas internacionais.

Militares também contra reforma judicial

Os protestos nas ruas de Israel alastraram-se também às poderosas  Forças Armadas do país, em especial às tropas de elite e aos muitos reservistas. Centenas de militares ameaçaram revoltar-se caso plano de reformas vá em frente. Numa iniciativa inédita, várias patentes militares tornaram pública uma declaração que em afirmava não estar "preparados para servir a um regime ditatorial".

Recorde-se que este domingo, o ministro da Defesa foi demitido do cargo após tornar pública a sua oposição à reforma judicial. Yoav Gallant descreveu as mudanças como um "perigo imediato" para a segurança do Estado de Israel.

Autonomia do Supremo em causa

A reforma do sistema judicial de Israel põe em causa, entre outras questões, a autonomia do Supremo Tribunal.

Só este domingo, 650 mil pessoas saíram à rua para protestar contra a reforma, mas não são só os opositores à medida a manifestar-se.

Um contra-protesto organizado por grupos de direita favoráveis às reformas saíram igualmente à rua esta segunda-feira. Os dois grupos opositores nas ruas colocaram a polícia de Israel em alerta máximo. 

"Hoje deixamos de ficar calados. Hoje é o dia em que a direita acorda. Divulguem", disse o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, numa partilha na sua conta oficial de Twitter onde divulgava o contra-protesto.

Confrontos entre polícia e manifestantes

Trinta e oito pessoas foram detidas em Tel Aviv durante o dia, avançou o jornal Haaretz. Autoridades israelitas tiveram que recorrer a granadas de atordoamento e canhões de água para dispersar os manifestantes concentrados no centro de Tel Aviv, pouco depois da meia noite. Manifestantes tentavam bloquear a Rodovia Ayalon.

Dos incidentes resultaram dois feridos. Um polícia a cavalo caiu sobre uma pessoa depois de ter perdido o controlo do animal, e ainda, uma outra pessoa foi atingida por uma granada de atordoamento.

Também ativistas de extrema-direita cercaram e atacaram um taxista palestino em Jerusalém. O condutor ainda tentou fugir mas acabou por ser perseguido. 

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