Agência EFE avançava esta manhã que Sánchez estava a ponderar a marcação de eleições em 14 de abril próximo.
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O Governo socialista minoritário espanhol começa esta segunda-feira uma semana decisiva, com a votação das emendas do Orçamento para 2019, que pode marcar o fim da legislatura, se a direita e os independentistas catalães mantiverem a sua oposição.
Uma grande manifestação no domingo no centro de Madrid mostrou pela primeira vez o centro-direita (Cidadãos), a direita (Partido Popular) e a extrema-direita (Vox) unidos a pedir a convocação de eleições que acreditam poder ganhar em conjunto.
O Governo socialista, liderado por Pedro Sánchez, espera que a imagem de "as três direitas" juntas, que defendem uma nova intervenção do executivo central na Catalunha, possa levar os partidos independentistas catalães a mudar de ideia e votar a seu lado as contas nacionais para 2019.
Os separatistas pensam exatamente o contrário, que a manifestação de domingo deve levar Sánchez a voltar à mesa de negociações com o executivo regional catalão, que abandonou na semana passada, desta vez com uma proposta mais generosa e gestos a favor do movimento independentista.
"A política faz estranhos companheiros de cama. O independentismo votará contra uns orçamentos sociais bons para a Catalunha e as direitas contra uns orçamentos sociais bons para Espanha", disse esta segunda-feira Pedro Sánchez numa mensagem que colocou na rede social Twitter.
O primeiro-ministro espanhol insiste nessa mensagem que "a independência da Catalunha nem é constitucional, nem a quer a maioria dos catalães".
A pressão está a subir e até quarta-feira as duas partes esperam que seja possível uma evolução nas posições, que permita o Governo minoritário terminar a legislatura, em meados de 2020.
"Neste momento, tudo pode acontecer", disse à Lusa Carlos Barrera, diretor do mestrado de Comunicação Política e Corporativa da Universidade de Navarra, acrescentando que "no caso de o orçamento cair, Sánchez estaria mais do que nunca entre a espada e a parede".
A complicar ainda mais este cenário está o início, esta terça-feira em Madrid, do tão esperado julgamento de 12 dirigentes independentistas acusados de estarem envolvidos na tentativa de secessão da Catalunha em outubro de 2017, um megaprocesso considerado histórico.
O julgamento, que deverá demorar três meses com a sentença a ser conhecida antes das férias de verão, vai ser transmitido em direto pela televisão e seguido por mais de 600 jornalistas e 150 meios de comunicação social espanhóis e estrangeiros.
O Ministério Público pediu penas que vão até 25 anos de prisão contra os acusados, por alegados delitos de rebelião, sedição, desvio de fundos e desobediência.
Ao mesmo tempo que se inicia o julgamento no Tribunal Supremo, no Congresso dos Deputados (câmara baixa do parlamento) começa a discussão das emendas à totalidade do Orçamento apresentadas pela direita e pelos partidos independentistas, que serão votadas no dia seguinte.
A votação na quarta-feira pode significar que direita e os independentistas apareçam juntos pela primeira vez para chumbar os orçamentos do Governo de Sánchez.
Entretanto, o executivo de Madrid tenta dar a imagem de estar a fazer tudo para salvar as contas de Estado, ao mesmo tempo que ganha força a ideia de eleições antecipadas.
Os analistas dividem-se sobre a data de eventuais eleições, tendo dúvidas sobre a possibilidades de estas se realizarem no superdomingo eleitoral de 26 de maio próximo, dia em que já estão marcadas eleições europeias, autonómicas e autárquicas em Espanha.
A possibilidade foi lançada em novembro último por um membro do Governo de Sánchez, mas muitos consideram-na "improvável", porque autarquias e poder político regional não querem que essas eleições sejam "abafadas" pelo debate das legislativas.
"Penso que é pouco provável a realização de um superdomingo e que é mais provável que as eleições se realizem no outono, mas Sánchez é imprevisível", disse José Maria Pereda, professor Catedrático em Comunicação e Política Internacional da Universidade Europeia de Madrid.
Outro analista com quem a lusa falou, Jorge Sánchez, Professor de Direito também na Universidade Europeia, considera "pouco provável" eleições legislativas a coincidir com as autonómicas e acha mais provável que estas se realizem em abril.
Entretanto, a agência EFE, citando "fontes do executivo" espanhol, avançava esta manhã que Sánchez estava a ponderar a marcação de eleições em 14 de abril próximo.
O governo espanhol acusou na passada sexta-feira os independentistas catalães de rejeitarem a sua mais recente proposta de diálogo e anunciou a suspensão das conversações.
No dia seguinte, o presidente do governo regional catalão, Quim Torra, voltou a pedir a Pedro Sánchez "coragem e valentia" para continuar o diálogo para resolver o conflito político na Catalunha e para continuar as conversações para "debater especificamente o direito à autodeterminação" daquela região.
O processo de independência da Catalunha foi interrompido em 27 de outubro de 2017, quando o Governo central espanhol do Partido Popular decidiu intervir nessa Comunidade Autónoma na sequência da realização de um referendo de autodeterminação organizado pelo executivo regional independentista em 01 de outubro do mesmo ano que foi considerado ilegal.
Os partidos independentistas voltaram a ganhar as eleições realizadas em 23 de dezembro do mesmo ano e continuam a defender a criação de uma República independente.
Pedro Sánchez tornou-se primeiro-ministro em 02 de junho de 2018, depois de o PSOE ter conseguido aprovar no parlamento, na véspera, uma moção de censura contra o executivo do Partido Popular (direita) com o apoio do Unidos Podemos (coligação de extrema-esquerda) e uma série de partidos mais pequenos, entre eles os nacionalistas bascos e os independentistas catalães.
Os socialistas têm apenas 84 deputados num total de 350 e o Unidos Podemos 67, com as últimas sondagens a indicarem que os partidos de esquerda ainda não conseguiriam assegurar uma maioria estável, apesar da subida das intenções de voto no PSOE.
A direita pede insistentemente, desde há meses, a necessidade de eleições antecipadas e lembra que Sánchez, quando fazia parte da oposição, defendia a demissão do Governo no caso de o Orçamento não ser aprovado.
Mesmo o principal apoio parlamentar do PSOE, o Unidos Podemos, sustenta que, se o Orçamento não for aprovado, deveria haver eleições antecipadas.
A lei eleitoral espanhola prevê que o Governo tem até 01 de abril do ano que vem, no caso de decidir realizar eleições legislativas antecipadas em 26 de maio.
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