Especialista acredita que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel tem um "caráter simbólico".
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A socióloga Eva Oliveira, que conduz uma investigação em Ciências Políticas na Cisjordânia, acredita que o reconhecimento dos Estados Unidos de Jerusalém como capital de Israel tem um "caráter simbólico" com "pouco impacto" no longo prazo.
A especialista no conflito israelo-palestiniano - que divide o seu tempo entre Portugal, Alemanha e a Palestina - salienta, no entanto, que a primeira reação dos palestinianos será a de "sair à rua em protesto", numa "escalada" que vai redundar em confrontos.
"Creio que, inicialmente, a primeira coisa que vai acontecer - e que já está a acontecer - é os palestinianos saírem à rua em protesto e creio que vai haver confrontos. Acho que a situação agora vai escalar e vamos ver até que ponto", disse Eva Oliveira, por telefone, à agência Lusa.
No entanto, a longo prazo, a especialista duvida da influência da decisão anunciada hoje pelo Presidente dos EUA, Donald Trump.
Trump reconheceu hoje Jerusalém como capital de Israel, um anúncio que representa uma rotura com décadas em que a diplomacia dos Estados Unidos afirmou a sua neutralidade na questão israelo-palestiniana.
Donald Trump também anunciou - como já era esperado - que vai dar ordens ao Departamento de Estado para mudar a embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém.
No seu discurso, o Presidente dos EUA disse que continua a defender uma solução de "dois Estados" naquela região - Palestina e Israel - e sublinhou que "tudo fará para promover uma solução pacífica".
"Não sei se esta decisão, realmente, terá uma influência muito grande na situação no terreno ou também na região. Isto porque há muitos cenários e mesmo entre os palestinianos há muitos movimentos diferentes", entre os quais um grupo - em crescendo de influência - que já não acredita numa solução a dois Estados, comentou Eva Oliveira.
"Nestes últimos anos tem sido cada vez mais forte a voz de um pequeno grupo que começou inicialmente por dizer que o melhor seria haver um Estado, Israel, incluindo toda a Palestina, Cisjordânia e [Faixa de] Gaza. [Este grupo acredita que] Como está a situação, nunca vai haver dois Estados. É uma coisa que já morreu e que toda a gente já sabe que não vai acontecer", sublinhou.
A própria investigadora portuguesa não acredita que esta solução "possa vir a acontecer".
Assim, considerou Eva Oliveira, este cenário reduziria o anúncio de hoje a um episódio "meramente simbólico".
"Para os palestinianos, esta decisão [descrita nos EUA sendo de alto simbolismo] não representa assim muito. Isto porque os Estados Unidos sempre foram os aliados de Israel, nunca estiveram a ajudar no processo de paz e nas negociações de forma neutra. Foi sempre do lado de Israel. Por isso, a simbologia deste ato é mais mostrar que todos estes anos os Estados Unidos estiveram do lado de Israel", explicou a investigadora.
Eva Oliveira conduz uma investigação na área das Ciências Políticas e Direito na Universidade de Birzeit, na Cisjordânia, sobre os direitos cívicos dos cidadãos israelitas que são palestinianos, que representam cerca de 20% da população em Israel.
Com o anúncio de Trump, os Estados Unidos transformaram-se hoje no único país do mundo a reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
A comunidade internacional nunca reconheceu Jerusalém como capital de Israel, nem a anexação da parte oriental da cidade, conquistada em 1967.
Israel considera a Cidade Santa a sua capital "eterna e reunificada", mas os palestinianos defendem pelo contrário que Jerusalém-leste deve ser a capital do Estado palestiniano ao qual aspiram, num dos principais diferendos que opõem as duas partes em conflito.
Os países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.
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