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Jean-Marie Le Pen, o polémico 'pai' da extrema-direita francesa afastado pela filha pelas declarações inflamatórias

Descreveu o Holocausto como um "mero pormenor da II Guerra Mundial" e citou ao ódio aos imigrantes. Morreu esta terça-feira anos 96 anos.

08 de janeiro de 2025 às 01:30

Jean-Marie Le Pen, fundador e líder histórico do partido francês de extrema-direita Frente Nacional e pai da candidata presidencial Marine Le Pen, morreu terça-feira aos 96 anos. A morte foi anunciada pela família, que avançou que ele morreu “rodeado pelos seus entes queridos”. A filha, com quem cortou relações após ter sido afastado do partido que fundou, soube da notícia a milhares de quilómetros, no Quénia, durante uma escala no regresso de uma visita ao território ultramarino de Mayotte.

Nascido na Bretanha em 1928, no seio de uma família humilde, Jean-Marie Le Pen estudou Direito antes de se juntar à Legião Estrangeira. Combateu na Indochina e na Argélia, onde chegou a ser acusado de tortura. Em 1972 fundou a Frente Nacional, ganhando notoriedade pelas suas declarações abertamente racistas, antissemitas e anti-imigração. Foi várias vezes condenado por incitamento ao ódio racial e por negar o Holocausto, que descreveu como “um mero detalhe” na História da II Guerra Mundial. Foi igualmente criticado por ter defendido que a ocupação nazi de França “não foi especialmente desumana”.

A retórica contra os imigrantes encontrou eco junto de alguns setores da sociedade e, em 2002, causou um verdadeiro terramoto na política francesa ao chegar à segunda volta das presidenciais, onde foi esmagado por Jacques Chirac.

Em 2011 cedeu as rédeas da Frente Nacional a Marine Le Pen, que fez dele presidente vitalício do partido, que entretanto mudou de nome para União Nacional. Anos mais tarde, acabaria por ser expulso pela filha devido às suas declarações inflamatórias, numa altura em que Marine Le Pen tentava limpar a imagem do partido e trazê-lo mais para o centro.

“Figura histórica da extrema-direita, desempenhou um papel importante na vida pública francesa durante quase 70 anos, que agora a História se encarregará de julgar”, disse o PR francês, Emmanuel Macron.

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