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Jornalistas agredidos por seguranças de Nicolás Maduro e Lula após cimeira em Brasília

Agressões físicas surgem na tentativa de obter declarações do presidente venezuelano.

31 de maio de 2023 às 15:12

Os seguranças do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apoiados por agentes da segurança de Lula da Silva, agrediram com brutalidade jornalistas que na noite desta terça-feira, dia 30, tentaram recolher alguma declaração do venezuelano no final da Cimeira da América do Sul, que decorreu na capital do Brasil, Brasília.

Uma jornalista da TV Globo, Delis Ortiz, teve de receber atendimento médico depois de ser agredida por um dos agressores com um violento soco no peito.

As agressões físicas aos jornalistas, algo comum no atual regime autoritário da Venezuela mas impensável no Brasil, aconteceram quando Nicolás Maduro, que durante os três dias de permanência no Brasil se recusou a falar com a imprensa, deixava a sala onde decorreram as reuniões entre os presidentes dos 12 países da América do Sul.

Na tentativa conseguir alguma declaração de Maduro, que foi simplesmente ignorado e desprezado pelos outros presidentes mas muito elogiado por Lula da Silva, os jornalistas que cobriam a reunião de alto nível tentaram aproximar-se do venezuelano, cercado por uma legião de seguranças da Venezuela e do GSI, Gabinete de Segurança Institucional brasileiro, responsável pela segurança de Lula, mas foram brutalmente impedidos.

Primeiro, os seguranças de Maduro e de Lula fecharam ainda mais o cordão humano que protegia o governante do país vizinho, e, como os repórteres, na sua legítima função, insistiram em colher alguma declaração, os agentes iniciaram as agressões.

Repórteres, homens e mulheres, começaram a ser empurrados com força para longe de Maduro, que assistiu a tudo com o semblante carrancudo que exibiu durante toda a Cimeira, e, em seguida, ante a insistência, a indignação e a revolta dos representantes da Imprensa, os seguranças de Maduro e de Lula aumentaram o grau de violência contra os jornalistas, que foram agredidos com murros, bofetadas e pontapés e tiveram de recuar antes que algum dos agentes puxasse uma arma e fizesse algo pior.

Tudo isto aconteceu em pleno Palácio do Itamaraty, sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro, e ainda com diversos chefes de Estado no edifício. E sem que os jornalistas tivessem a quem recorrer, pois quem poderia e deveria protegê-los, os agentes do GSI de Lula da Silva, estavam a ajudar os seguranças venezuelanos a agredir a Imprensa.

O GSI e o Itamaraty divulgaram comunicados onde prometem apurar responsabilidades e vários órgãos de Imprensa repudiaram as agressões. Até esta quarta-feira o presidente brasileiro, Lula da Silva, não tinha manifestado nem o seu repúdio pelos ataques a jornalistas nem a sua solidariedade aos que foram agredidos, nem mesmo a Delis Ortiz, que ficou bastante combalida e dorida mas, de acordo com os médicos, não terá sequelas mais graves.

Aliás, a postura de Lula antes e durante a Cimeira da América do Sul, elogiando profusamente Nicolás Maduro, a quem chamou de amigo de longa data e irmão, e negando que o que ele chamou a suposta ditadura na Venezuela não existe e é "uma narrativa" inventada pelos EUA, provocou muito mal-estar no encontro de alto nível.

Quase todos os outros presidentes ficaram constrangidos e irritados com o apoio de Lula a um ditador condenado internacionalmente e dois deles, o do Uruguai, Lacalle Pol, de direita, e o do Chile, Gabriel Boric, de esquerda, expressaram publicamente a sua indignação, fazendo questão de chamar a Imprensa e dizer que não concordam com Lula, vincando que a Venezuela vive sob uma ditadura, sim, que censura a Imprensa, viola sistematicamente os Direitos Humanos e prende ou mata quem ousa contestar Maduro e o seu governo.

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