A edição de hoje
Ex-presidente vai sair pela primeira vez desde que foi preso, em abril de 2018.
A justiça federal do estado brasileiro do Paraná autorizou no final da tarde desta sexta-feira o ex-presidente Lula da Silva a sair da prisão onde cumpre pena desde Abril do ano passado para ir ao funeral do neto, Artur Araújo Lula da Silva, que morreu horas antes com apenas sete anos de vida. Artur, filho de Sandro Luiz Lula da Silva, um dos filhos de Lula, e de Marlene Araújo Lula da Silva, morreu num hospital da Grande São Paulo pouco antes das 12 horas desta sexta, vítima de um quadro agudo de meningite meningocócica.
Por razões de segurança, os termos da autorização para o antigo presidente deixar a cadeia em que cumpre a pena, em Curitiba, capital do Paraná, foram mantidos em sigilo, tanto pela justiça quanto pelos advogados dele. Lula será levado de Curitiba para São Bernardo do Campo, cidade vizinha a São Paulo onde vivia e onde vive a sua família, num avião emprestado pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior, a pedido da Polícia Federal.
Os advogados do ex-presidente comprometeram-se a não divulgar o trajecto que Lula fará do aeroporto de São Paulo até São Bernardo do Campo, para evitar aglomerações de simpatizantes ou da militância do Partido dos Trabalhadores. Eles também pediram aos militantes do partido que não se manifestem nas proximidades do Cemitério da Saudade, em São Bernardo, onde decorrerá o velório e o corpo de Artur será cremado este sábado.
Este é o mesmo cemitério onde está sepultada a ex-mulher de Lula, Marisa Letícia Lula da Silva, vitimada por um AVC em Fevereiro de 2017 e cujo túmulo Lula poderá agora visitar. Não foi igualmente divulgado por quanto tempo o ex-presidente poderá ficar fora da prisão e como se dará o seu regresso a Curitiba.
Dia 29 de Janeiro, por ocasião da morte de um irmão, Genival Lula da Silva, Lula também tinha solicitado autorização para ir ao funeral, igualmente em São Bernardo do Campo, mas dois juízes a quem o pedido foi submetido recusaram o benefício e a Polícia Federal, em cuja sede de Curitiba o antigo chefe de Estado cumpre pena, alegou não haver tempo útil para organizar a viagem e a escolta. Quando o Supremo Tribunal decidiu no dia seguinte que Lula tinha realmente o direito de ir ao funeral do irmão, como a lei brasileira prevê, e ordenou à Polícia Federal que o levasse, o sepultamento de Genival já tinha ocorrido e Lula nem chegou a sair da prisão.
Lula está preso numa cela especial da Polícia Federal desde o dia 7 de Abril de 2018, cumprindo pena de 12 anos e um mês por corrupção, por ter recebido um apartamento triplex numa praia de São Paulo como "luvas" pagas pela constructora OAS. No início deste mês, Lula foi condenado a uma nova pena, de 12 anos e 11 meses, por ter desta feita recebido uma casa de campo nos arredores de São Paulo também como "luvas", pagas neste caso pela constructora Odebrecht.
A confirmara-se a decisão, só vai começar a cumprir esta segunda pena após ter cumprido a primeira. Além destes dois processos em que já houve sentença, Lula enfrenta ainda vários outros em Curitiba e Brasília.
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