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Mais dois líderes dos índios Guajajara mortos no Brasil

Depois das mortes, índios de várias aldeias bloquearam a rodovia BR 226 e impediram o tráfego de veículos em protesto.

08 de dezembro de 2019 às 14:08

Num novo ataque fatal contra índios no Brasil, dois caciques (chefes de aldeia) da etnia Guajajara foram assassinados este sábado no município de Jenipapo dos Vieiras, no interior do estado do Maranhão, norte do país. Firmino Silvino Guajajara e Raimundo Bernice Guajajara, que eram os chefes das suas respectivas aldeias, foram mortos a tiro por desconhecidos quando deixaram uma aldeia indígena e chegaram à estrada federal conhecida como BR 226, que corta uma vasta região onde vivem inúmeras tribos de índios e que tem sido alvo de invasões de madeireiros ilegais, garimpeiros e empresários que querem derrubar áreas da floresta para criarem ou expandirem propriedades agrícolas.

O ataque aos líderes indígenas, que deixou ainda outros dois Guajajaras feridos, aconteceu quando as vítimas voltavam para as suas aldeias depois de terem participado na Aldeia Coquinhos, na mesma região, de uma reunião de caciques Guajajara com representantes da empresa de energia eléctrica Eletronorte. A reunião foi mais um passo na difícil negociação entre índios e autoridades sobre as compensações que a empresa deve dar às tribos que vivem na região pelos danos causados pela construção das bases para a passagem na área de um grande linhão de transmissão de energia.

Depois das mortes, índios de várias aldeias da região bloquearam a rodovia BR 226 e impediram o tráfego de veículos em protesto, gerando muita tensão com camioneiros e outros motoristas, que reagiram mal ao serem impedidos de passar. Forças policiais foram enviadas de cidades em redor e de São Luís, a capital do estado do Maranhão, a 506 km de Jenipapo dos Vieiras.

Há cerca de um mês, outro líder Guajajara, famoso internacionalmente, Paulo Paulino Guajajara, foi assassinado também a tiro num episódio envolvendo madeireiros que invadem terras indígenas para extrairem ilegalmente a valiosa madeira da Amazónia, de que parte do Maranhão faz parte. Paulo Paulino Guajajara, conhecido como "Guardião da Floresta" pela sua luta em defesa da Amazónia e dos povos indígenas, foi morto numa área isolada da Terra Indígena Araribóia, no município de Bom Jesus da Selva, outra área povoada por índios no estado do Maranhão.

Sem citar o presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, OAB, no Maranhão, Rafael Silva, afirmou que as políticas públicas federais que têm sido tomadas nos últimos tempos incentivam a invasão de terras e os ataques aos vulneráveis povos indígenas. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, enviou para Jenipapo dos Vieiras agentes da Polícia Federal para investigarem os crimes, e estuda enviar também uma força de militares da Força Nacional para garantir a segurança na região.   

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