Sara-Jayne foi abandonada pelos progenitores por ser fruto de uma relação interracial.
1 / 4
Uma menina de Johanesburgo, em África do Sul, foi dada para adoção em 1980, por ter nascido fruto de uma relação interracial, na altura do Apartheid. A criança foi criada por um casal de britânicos, no Reino Unido, onde esteve mais de 25 anos antes de regressar ao seu país de origem.
Sara-Jayne avança que não tinha quaisquer lembranças desse período, uma vez que tinha apenas sete semanas de vida quando foi entregue para adoção.
A jovem, atualmente com 34 anos, nunca aceitou os motivos que levaram os progenitores a querer entregá-la e, por isso, foi sempre uma criança que lutou contra o racismo. No entanto, esta mágoa fez com que Sara se tornasse uma criança e jovem violenta, com comportamentos de revolta.
"Nós acabamos por absorver e acreditar na forma como os outros nos vêem. Os meus colegas de escola tocavam nos meus cabelos e diziam que parecia lã de arame. Diziam que eu era diferente e fizeram com que acreditasse nisso", afirmou durante entrevista à BBC
Com o decorrer dos anos, Sara sentiu que havia realmente algo errado com ela. Recordar a sua adoção fez com que ficasse desconfortável com a sua imagem.
Tirando as representações e referências a pessoas de origem africana transmitidas através da televisão britânica na década de 1980, Sara não conhecia a representação realista de alguém. Pelo contrário, a mulher afirma que a imagem passada não era "realista, nem lisonjeira".
Em Crowhurst, aldeia onde viveu até regressar a África do Sul, Sara- Jayne contou como foi a sua experiência.
"Acordava todas as manhãs e via galinhas e cordeiros nos campos. Os africanos eram vistos como seres de outro mundo. A minha escola enviava alimentos para crianças na Etiópia. Eu vivi uma realidade diferente. Experimentei o que era pertencer à classe média", continuou.
A mulher afirmou ainda no decorrer da entrevista que viu imagens que nunca mais irá esquecer, como crianças cobertas de moscas. "Eram imagens para lamentar, mas também para agradecer. Estou grata por ter sido resgatada daquela realidade", disse.
Jayne garante que a família adotiva tudo fez para a incluir no ‘mundo deles’. No entanto, o esforço nem sempre foi conseguido. Com 14 anos descobriu uma carta escrita pela mãe biológica pouco tempo após ter sido adotada, onde explicava os motivos e o processo da adoção.
"Os meus pais disseram a toda a gente que estava morta", confirmou. A mãe biológica de Sara manteve um caso extra-conjugal interracial. Quando ficou grávida, a mulher não sabia quem era o pai e por isso optou por ter o bebé.
Na altura do nascimento de Sara, a lei da imoralidade em África do Sul proibia qualquer relacionamento sexual interracial, pelo que a menina era fruto de um ‘crime’.
Nesse momento, o casal (juntamente com o médico de família) avançou que Karoline (nome que tinha na altura) sofria de uma doença renal rara e que por isso precisava de um tratamento avançado, só disponível em Londres. No entanto, quando chegaram à cidade, a criança foi logo entregue para adoção.
No regresso a casa, aqueles que deveriam ter sido os pais de Sara, disseram a todos os presentes que a filha tinha morrido.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.