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Mensagens mostram assessores de Bolsonaro a planear golpe de Estado em dezembro

Segundo mensagens agora reveladas, golpe deveria ter acontecido a 15 dias do fim do mandato de Jair Bolsonaro.

05 de maio de 2023 às 15:47

Mensagens encontradas pela Polícia Federal brasileira no telemóvel do principal ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, preso na quarta-feira em Brasília, revelaram a preparação de um golpe de Estado que deveria ter acontecido em dezembro passado, a 15 dias do fim do mandato do então presidente do Brasil, para o manter no poder mesmo tendo perdido dois meses antes as presidenciais para Lula da Silva.

O plano agora descoberto previa a prisão, entre outros, do juiz Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que confirmou a lisura da eleição de Lula, e que no Supremo Tribunal Federal comanda várias ações contra Bolsonaro e outros radicais.

Numa das mensagens, enviadas a Mauro Cid pelo ex-major do Exército Ailton Barros, este militar orienta o ajudante de ordens de Bolsonaro a reforçar a pressão sobre o então comandante do Exército, general Freire Gomes, para que este faça um discurso em rede nacional questionando a eleição de Lula a pretexto de uma suposta fraude nas urnas, como Jair Bolsonaro sempre alegou. Na mensagem, ao dizer-se que é necessário reforçar a pressão sobre o comandante do Exército, fica claro que movimentações nesse sentido já tinham sido feitas antes, e que o general não as denunciou, como era seu dever.

Ainda de acordo com as várias mensagens de Ailton Barros ao ajudante de ordens de Bolsonaro, o posicionamento do comandante do Exército deveria ocorrer no dia seguinte, 16 de Dezembro, e era importante que fosse aquele chefe militar a fazê-lo, frisou o antigo major, para dar um ar de legitimidade ao golpe. Dois dias depois, domingo, 18 de Dezembro, acrescenta o autor do áudio, militares deveriam ir a casa do juiz Alexandre de Moraes e prendê-lo, sob o pretexto de ter participado numa suposta trama para eleger Lula da Silva.

Finalmente, detalham as mensagens enviadas ao tenente-coronel Mauro Cid, o homem mais próximo a Bolsonaro, na segunda-feira, 19 de Dezembro, Jair Bolsonaro deveria declarar estado de exceção no Brasil e promulgar os chamados decretos de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), passando o comando do país para as Forças Armadas, de que ele, como presidente da República, era o comandante supremo. Ainda não está claro por que razão o plano para instaurar uma nova ditadura militar no Brasil não foi avante, mas alguns indícios dão conta de que a alta cúpula militar hesitou em envolver-se no ataque, e que o plano também esbarrou no próprio Jair Bolsonaro, que após a derrota para Lula nas presidenciais de Outubro entrou em depressão e se isolou na residência oficial, chorando o dia todo, segundo pessoas que o visitaram.

Mauro Cid e Ailton Barros são dois dos seis militares e ex-militares ligados a Jair Bolsonaro presos quarta-feira sob a acusação de terem fraudado dados do sistema nacional de imunização do Ministério da Saúde. Cid e os outros são acusados de terem falsificado o boletim de vacinas de Jair Bolsonaro, de familiares e outras pessoas próximas ao ex-presidente, para que o governante e a família pudessem ir para os EUA, onde a vacina contra a Covid-19 era obrigatória na altura, como Bolsonaro efectivamente fez um dia antes de terminar o mandato, com receio de ser preso quando perdesse a imunidade que o cargo lhe dava.

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