Nomeação de Michel Barnier tem sido muito contestada devido à vitória, sem maioria absoluta, da coligação de esquerda Nova Frente Popular, nas eleições legislativas.
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Milhares de franceses manifestaram-se este sábado em Paris contra o Presidente francês, Emmanuel Macron, e contra o primeiro-ministro, Michael Barnier, numa iniciativa convocada por sindicatos e associações estudantis, ecologistas e feministas, que exigiram a destituição do chefe de Estado.
"Estou aqui com outros companheiros, porque nós estimamos que há um grande perigo pelo facto de que Macron não respeita as urnas, porque a esquerda é maioritária", disse à agência Lusa Georges, de 50 anos, delegado da Confederação Geral do Trabalho (CGT).
A nomeação de Michel Barnier, membro do partido conservador de direita Republicanos, tem sido muito contestada devido à vitória, sem maioria absoluta, da coligação de esquerda Nova Frente Popular, nas eleições legislativas.
Para Georges, a escolha do Presidente francês "representa um perigo para a democracia, na verdade, é sobretudo a chegada de um regime liberal, como na Hungria, por exemplo", com a escolha de um primeiro-ministro que tem uma política ultrapassada como a de "Sarkozy em 2012".
A manifestação, que ocorreu sem grande agitação, mas com um grande aparato policial, foi convocada para as 14:00 horas locais (13:00 de Lisboa) na Praça da Bastilha, em Paris, com um percurso de cerca de dois quilómetros até Nation, marcado pelo barulho de tambores e de mensagens transmitidas num camião preparado para a ocasião.
Os manifestantes foram bloqueando as ruas da capital francesa e entoando frases como "Macron Macron destituição", "Macron, a juventude saiu à rua", "Greve, bloqueio, Macron na prisão", "Resistência" e "Somos todos antifascistas".
"Há 15 dias éramos muitos mais, mas quando somos inúmeros, com os jovens, os sindicatos, as organizações políticas, mas também as outras ações, as greves, tudo isso mostra que não aceitamos o declínio da democracia", referiu Theo, de 68 anos, apelando a mais mobilizações.
Theo, que afirmou estar "em todas as manifestações contra Macron", principalmente com a "situação insuportável" do país, disse à Lusa que não concorda com a escolha de Michel Barnier por ser "homofóbico, contra a imigração, os imigrantes, os estrangeiros" e que irá "quebrar os serviços a todos os níveis".
Segundo Leo, de 23 anos, Macron é um "sociopata narcisista", que quer "manter o poder para si próprio", e, por essa razão, os franceses têm de se exprimir através de protestos para haver uma mudança.
Já Gabriel, de 24 anos, juntou-se à manifestação "para protestar contra a decisão de Macron de colocar Michel Barnier como primeiro-ministro".
"Tendo em conta o voto dos cidadãos franceses, é realmente injusto. Michel Barnier não representa o progresso social, o progresso ambiental", acrescentou Gabriel.
Também os cartazes marcaram as posições dos manifestantes: "Respeito pelo meu voto", "Sem o poder do povo, quem é que vocês representam?", "Fora Macron! Abaixo a Quinta República", "Os jovens lutam contra a precariedade e a extrema-direita" e "Fora com o primeiro-ministro homofóbico", eram algumas das frases escritas.
"Sou militante da organização Comunista Revolucionária Internacional, e nós intervimos nesta manifestação justamente contra o governo de Macron, que nomeou um primeiro-ministro de forma totalmente não-democrática (...) isso revela que não escuta os desejos do povo", disse à Lusa Irene, de 26 anos.
Michel Barnier "não é absolutamente uma boa escolha, para os interesses da maioria da população, porque representa um partido que não obteve nem 06% de votos no primeiro turno, e Macron conscientemente rejeitou a coligação de esquerda", que venceu as eleições legislativas, afirmou Irene.
É esperado que Michel Barnier, primeiro-ministro desde 05 de setembro, anuncie a composição do seu governo nas próximas horas, visto que anunciou na quinta-feira que a França deverá ter um governo "antes de domingo".
"É a União Nacional (RN, extrema-direita) que se vai aliar com Barnier, para justamente fazer políticas contra os imigrantes, contra os mais pobres e oprimidos, e isso é realmente um ataque de classe que estão a fazer às nossas condições de vida", acrescentou.
A manifestação, que foi uma das muitas que ocorreram este sábado por toda a França, também ficou muito marcada pelo apoio à Palestina.
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