Em causa está um acordo para o financiamento para projetos a desenvolver nas ilhas de Santo Antão e de Santiago.
O Sistema das Nações Unidas mobilizou 650 mil dólares para dois projetos de emergência e segurança alimentar em Cabo Verde, face aos efeitos da crise provocada pela pandemia, pela guerra na Ucrânia e a seca no país.
Em causa está um acordo para o financiamento para projetos a desenvolver nas ilhas de Santo Antão e de Santiago, as mais agrícolas do arquipélago, assinado esta sexta-feira na Praia entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Ministério da Agricultura e do Ambiente, visando mitigar as consequências de cinco anos de seca severa no país, aliada aos efeitos económicos que ainda se sentem da pandemia de covid-19 e agora da crise inflacionista.
Numa altura em que o arquipélago importa 80% dos alimentos e 75% da energia que consome, o Governo cabo-verdiano solicitou o apoio ao Sistema das Nações Unidas, nomeadamente através da FAO, para o plano de resposta e proteção às famílias pobres e do setor informal, quando a crise de emergência alimentar já afeta mais de 10% da população, de acordo com dados oficiais.
"O arquipélago vive um momento delicado em matéria de segurança alimentar, que poderia ainda deteriorar-se mais nos próximos tempos caso não fossem tomadas medidas preventivas e urgentes para salvaguardar a acessibilidade alimentar, a produção nacional e os meios de subsistência", afirmou a representante da FAO em Cabo Verde, Ana Touza, na cerimónia de assinatura deste financiamento, que se enquadra num plano de mitigação a dois anos definido pelo Governo cabo-verdiano com o apoio do Programa Alimentar Mundial.
O apoio financeiro total para os dois projetos de mitigação dos efeitos da crise, no valor 650 mil dólares (633 mil euros) de vários doadores internacionais, incluiu 400 mil dólares (390 mil euros) de apoio disponibilizado pelo Governo da Bélgica, aos quais deverá acrescer um terceiro projeto, no valor de 250 mil dólares (243 mil euros), a financiar diretamente pela FAO, explicou Ana Touza, garantindo que será também assinado "em breve".
"Deste modo, como nosso plano de ação com estes três projetos pretendemos abranger 1.300 agregados familiares", sublinhou a responsável, exemplificando que serão disponibilizados meios para as "famílias mais vulneráveis", através da "geração de rendimento" com atividades de trabalho comunitário até final do ano. E também garantir meios de subsistência nos meios críticos e salvaguardar a segurança alimentar e diversidade nutricional das crianças com idade escolar "nas áreas mais vulneráveis, através do reforço das cadeias de produção locais".
Na cerimónia, o ministro da Agricultura e do Ambiente, Gilberto Silva, sublinhou que Cabo Verde é considerado "um dos países que espelha" os efeitos das mudanças climáticas no mundo, além das consequências económicas de dois anos de pandemia e agora da crise de preços internacional.
"É um momento de muita satisfação, em nome do Governo poder assinar estes dois projetos, que se inserem muito bem naquilo que é a estratégia definida pelo Governo para a mitigação dos efeitos desta tripla crise na segurança alimentar e nutricional em Cabo Verde. Queríamos agradecer ao Sistema das Nações Unidas, as agências todas que trabalharam no sentido de darmos a resposta rápida à demanda do Governo desta cooperação profícua, para que possamos, de facto, reforçar a resiliência e acolher à demanda e às necessidades da população que mais sofre com os efeitos desta tripla crise", disse.
O ministro acrescentou que a seca que Cabo Verde atravessa há praticamente cinco anos tem condicionado a produção nacional, agravado agora pelos efeitos da guerra na Ucrânia, "que fez subir o preço dos combustíveis, dos cereais, dos fertilizantes e de um conjunto de fatores que contribuem para os preços dos alimentos".
"Estes dois projetos vêm ajudar a dar resposta ao reforço da resiliência em si e permitir que nas ilhas mais afetadas possamos intervir de forma muito mais direta, ajudando as famílias com possibilidades de poderem trabalhar e ganhar mais rendimentos, para poderem adquirir alimentos e satisfazer as suas necessidades, mas também intervir a nível de escolas, uma vez que temos uma população jovem a estudar, bastante sensível, que precisa também de ter todo toda a assistência", salientou o governante.
Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do PIB do arquipélago - desde março de 2020, devido às restrições impostas para controlar a pandemia de covid-19.
"Os recursos que são disponibilizados através destes projetos obviamente não chegam para tudo aquilo que constituem as necessidades identificadas. Todavia, não deixa de representar um passo significativo que, de certa forma, dá à estampa a esta cooperação profícua que existe entre o Governo de Cabo Verde e as agências das Nações Unidas e os programas das Nações Unidas, que desde sempre estiveram ao lado do Governo de Cabo Verde e das autoridades de cabo-verdianas em todo este processo de desenvolvimento", concluiu Gilberto Silva.
O país registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento económico de 7% em 2021, impulsionado pela retoma da procura turística no quarto trimestre.
Entretanto, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, o Governo cabo-verdiano reviu de 6% para 4% a perspetiva de crescimento económico em 2022.
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