Essa suspensão afeta diretamente dois dos maiores projetos de transporte público nova-iorquinos: a construção do Túnel Hudson e a extensão do metro da Segunda Avenida.
O quotidiano dos nova-iorquinos tem sido pouco afetado pela paralisação parcial do Governo federal, com escolas públicas e correios abertos e apoios sociais a serem pagos normalmente, apesar da suspensão de fundos para grandes obras públicas.
Paul, um morador do bairro nova-iorquino de Queens, temia que o 'shutdown' do Governo levasse ao encerramento temporário do Serviço Postal dos Estados Unidos. Contudo, o trabalho desta agência federal - que é autofinanciada - não foi afetado pelo impasse orçamental que o país atravessa.
"Achava que já não ia receber a minha encomenda, mas, felizmente, os correios continuam a funcionar", disse à Lusa Paul, não escondendo a satisfação de ver o serviço postal em plena operação.
Esta quarta-feira, oitavo dia de paralisação, vários serviços públicos na cidade de Nova Iorque continuam a funcionar, incluindo o pagamento de apoios da Segurança Social e outros programas de assistência.
Os centros médicos do Departamento de Assuntos de Veteranos permanecem abertos, assim como as agências de Imigração e Fiscalização Aduaneira, a Alfândega, a Proteção de Fronteiras e outras operações militares e policiais.
Os controladores de tráfego aéreo da cidade de Nova Iorque e agentes da Administração de Segurança dos Transportes continuam em funções e as escolas públicas da cidade estão abertas.
Contudo, o setor de construção de Nova Iorque sofreu já uma interrupção significativa, com a administração republicana liderada pelo Presidente Donald Trump a anunciar o congelamento de cerca de 18 biliões de dólares (15,4 mil milhões de euros) em financiamento federal para infraestruturas críticas da cidade.
Essa suspensão afeta diretamente dois dos maiores projetos de transporte público nova-iorquinos: a construção do Túnel Hudson, que ligará os estados de Nova Iorque e Nova Jérsia, e a extensão do metro da Segunda Avenida, que promete melhorar o acesso a mais de 100.000 moradores.
Num comunicado enviado à Lusa, Thomas Prendergast, diretor executivo da 'Gateway Development Commission' (GDC, na sigla em inglês), a autoridade pública responsável por desenvolver a obra do Túnel Hudson, confirmou que foi notificado da suspensão do financiamento.
Apesar da paralisação, Thomas Prendergast garantiu que espera manter o cronograma e o orçamento da obra.
"A GDC recebeu uma notificação da Administração Federal de Trânsito sobre uma pausa nos desembolsos para o Projeto do Túnel Hudson. A GDC cumpre todas as leis e regulamentos federais e continuará a fazê-lo durante todo o projeto", indicou a nota informativa.
"Esperamos continuar a nossa relação produtiva com a Administração, com a Administração Federal de Trânsito, a Administração Ferroviária Federal e o Departamento de Transportes dos Estados Unidos. Entretanto, continuamos focados em manter o projeto dentro do âmbito, cronograma e orçamento", referiu o mesmo comunicado.
O impacto do 'shutdown' não é uniforme em todos os estados e cidades do país, mas, no geral, os especialistas acreditam que o impacto imediato na economia e no orçamento de Nova Iorque será moderado.
Porém, afetará mais pessoas e serviços caso o impasse se prolongue no tempo, sendo esperados impactos significativos em novembro.
Por exemplo, o programa federal que fornece assistência financeira a famílias de baixos rendimentos para a compra de alimentos, também conhecido como vale-alimentação, envia fundos mensalmente para os mais necessitados.
Esses benefícios já foram aprovados para o corrente mês de outubro, pelo que os beneficiários só sentirão os impactos em novembro, caso a paralisação se estenda até lá.
Nicole Hunt, diretora de políticas públicas da 'Food Bank for NYC' - a maior organização de combate à fome de Nova Iorque - disse à imprensa local que antevê um aumento das necessidade entre os nova-iorquinos caso os congressistas democratas e republicanos não cheguem a um consenso nos próximos dias.
"A maioria das pessoas já está sobrecarregada com as rendas das casas. O custo dos mantimentos é tão alto que só o facto de perderem um salário já terá um impacto enorme em muitas famílias", afirmou.
Segundo dados oficiais, quase 46.000 funcionários federais trabalhavam na cidade de Nova Iorque em 2024.
O relatório do controlador de orçamento de Nova Iorque, Brad Lander, mostra que a cidade iniciou setembro de 2025 com cerca de cinco biliões (4,3 mil milhões de euros) em caixa.
Com base nas projeções das autoridades, a cidade "possui verbas suficientes - e flexibilidade suficiente na gestão - para sustentar as suas operações", destacou o relatório.
Especialistas consideram que a verba deverá permitir que a cidade resista a cortes imediatos de verbas federais.
Independentemente disso, a governadora de Nova Iorque, Kathy Hochul, já avisou que não vai desembolsar verbas estaduais para manter aberta a icónica Estátua da Liberdade, que é administrada pelo Serviço Nacional de Parques, que teve o seu número de funcionários reduzido desde que o 'shutdown' começou, em 01 de outubro.
Após o alerta da governadora, que deixou milhares turistas em suspenso, o Governo de Trump garantiu que manterá a Estátua da Liberdade aberta durante a paralisação parcial do Governo.
Mais de 3,7 milhões de pessoas visitaram a Estátua da Liberdade no ano passado, de acordo com o Serviço Nacional de Parques.
Apesar do impacto do 'shutdown' ainda não ser significativo em Nova Iorque, o mesmo não acontece no estado vizinho de Nova Jérsia, onde o Aeroporto Internacional Newark tem registado vários voos atrasados devido à falta de pessoal em solo.
A Autoridade Portuária alertou que, se a paralisação se prolongar, poderá haver atrasos e sérios desafios operacionais não só em Newark, mas também nos aeroportos nova-iorquinos John F. Kennedy e LaGuardia, e em muitos outros por todo o país.
Na terça-feira, Trump voltou a culpar os democratas pelo 'shutdown', classificando a manobra política da oposição como um "ataque kamikaze".
A atual paralisação acontece devido à falta de acordo entre republicanos e democratas para aprovar no Congresso uma extensão orçamental que permitia continuar a financiar as operações da administração federal.
Os democratas reivindicam o aumento de algumas verbas destinadas à saúde, enquanto os republicanos os acusam de tentar expandir os serviços de saúde para imigrantes indocumentados, algo que a oposição nega.
A última paralisação dos serviços federais ocorreu durante o primeiro mandato presidencial de Trump e esteve relacionada com as verbas exigidas pelo governante para financiar a construção de um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México.
Durou 35 dias, entre 22 de dezembro de 2018 e 25 de janeiro de 2019, e foi a paralisação mais longa da história dos Estados Unidos.
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