page view

Número de líderes indígenas assassinados no Brasil dispara em 2019

Comissão Pastoral da Terra atribui ao governo de Jair Bolsonaro a responsabilidade pelo aumento de mortes.

10 de dezembro de 2019 às 18:02

O número de líderes de tribos indígenas brasileiras assassinados este ano triplicou em relação ao ano passado e já é o maior em 11 anos. A denúncia foi feita pela Comissão Pastoral da Terra, CPT, ligada à igreja católica, e que atribui ao governo presidido por Jair Bolsonaro a responsabilidade pelo aumento de mortes.

Segundo a CPT, das 27 pessoas assassinadas este ano por causa de conflitos em terras indígenas, sete eram caciques ou outras lideranças dos povos a que pertenciam. No ano passado, um número bem inferior, duas lideranças indígenas, foram assassinadas em todo o Brasil.

A violência contra lideranças dos povos indígenas intensificou-se drasticamente nesta reta final de 2019, tendo ocorrido quase metade das mortes de líderes de aldeias e de povos da floresta nos últimos 30 dias. Em Novembro, o líder Guajajara Paulo Paulino foi assassinado na Terra Indígena Araribóia, no estado do Maranhão numa suposta emboscada montada por madeireiros ilegais, e no fim de semana passado dois líderes de aldeias do povo Guajajara em outra parte do Maranhão, Firmino Silvino Guajajara e Raimundo Benício Guajajara também foram mortos a tiro por desconhecidos ao deixarem uma reunião de caciques no interior do município de Jenipapo dos Vieiras.

No mesmo dia dessas duas mortes no Maranhão, outro indígena, o ativista dos direitos dos índios Humberto Peixoto, que não consta na lista da CPT por não ocupar a liderança da sua tribo, o povo Tuyuca, do estado do Amazonas, morreu no hospital de Manaus onde se encontrava há uma semana depois de ter sido brutalmente espancado por desconhecidos. De acordo com levantamentos de entidades ligadas à questão indígena, entre 2016 e 2019 ao menos 13 índios foram assassinados no Brasil em disputa de terras com invasores ligados à extração ilegal de madeira, ao garimpo e à pecuária.

Para a Comissão Pastoral da Terra, o discurso agressivo do governo do presidente Jair Bolsonaro tem incentivado as invasões a terras indígenas. Esse mesmo discurso, acrescenta a CPT, faz grupos sem escrúpulos acreditarem na impunidade e desencadearem as suas ações criminosas sem respeito a qualquer regra, muito menos à vida dos vulneráveis indígenas. 

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8