A tensão entre a Fatah e o Hamas atingiu o rubro na noite de quinta-feira, quando a caravana do primeiro-ministro palestiniano e líder do Hamas, Ismail Haniyah, foi bloqueda e depois atacada a tiro em Refah, na fronteira entre Gaza e Egipto. Milhares de partidários do Hamas, alguns armados, tomaram de assalto o posto fronteiriço controlado por membros da guarda do presidente Mahmoud Abbas e os confrontos não tardaram, tendo-se estendido a locais normalmente tranquilos em Gaza e Cisjordânia.
Haniyah foi bloqueado em Rafah por ordem de Israel quando regressava de um périplo que fizera por vários países da região para a recolha de fundos destinados à gestão dos territórios palestinianos. Note-se que estas viagens tornaram-se rotina após a União Europeia ter suspendido a ajuda financeira e Israel ter congelado a transferência de fundos.
Apoiantes do Hamas não tardaram a saber do sucedido e foram resgatar o líder. Após intensas negociações, Haniyeh depositou o dinheiro – 35 milhões de dólares – numa conta da Liga Árabe num banco na cidade egípcia de El Arish. Mas quando ia a atravessar a fronteira, controlada pelas forças da Fatah, começaram os confrontos. A caravana em que seguia o primeiro-ministro foi atingida por tiros e um dos guarda-costas de Haniyah foi morto, o que incendiou os ânimos.
TENTATIVA DE ASSASSÍNIO
Hamas qualificou o ataque como uma tentativa de assassinato do primeiro-ministro e acusou a guarda pessoal do presidente Mahmoud Abbas – a Força 17 – e em concreto Mohammed Dahlan, alto funcionário da Fatah, de serem os responsáveis pelo sucedido. Dahlan rejeitou as acusações e o presidente lamentou o ataque, mas o Hamas exigiu que Abbas tome os passos necessários para punir os autores.
O braço armado do Hamas jurou vingança e destacou membros da milícia em vários pontos de Gaza.
Ontem, os confrontos entre as duas facções rivais prosseguiram em Gaza e na Cisjordânia e disseminaram-se a locais normalmente tranquilos como Ramallah. Os confrontos, que fizeram pelo menos 32 feridos, ensombraram as celebrações do 19.º aniversário da fundação do Hamas.
Face à gravidade dos confrontos, Ismail Haniyeh apelou à unidade. “Apelo-vos para que mantenham a unidade nacional e preservem o sangue palestiniano. Vamos ser um povo unido pela libertação da nossa terra”, propôs Haniyeh num discurso proferido em Gaza perante milhares do Hamas. Ainda que seja ouvido, a tensão persistirá.
NOME
Fatah é o acrónimo invertido de Harakat al-Tahrir al-Filistiniya (Movimento de Libertação da Palestina) e significa ‘conquista’ em árabe.
ORIGENS E OBJECTIVOS
Fundado por Yasser Arafat em 1959 para promover a luta armada a fim de libertar a terra palestiniana ocupada por Israel. Tornou-se a maior facção política e após reconhecer Israel tentou a paz.
ATITUDE FACE A ISRAEL
O presidente Mahmoud Abbas, membro da Fatah, defende a retomada do processo de paz e é contra a resistência armada. Quer estabelecer o Estado da Palestina e ter Jerusalém Oriental como capital.
SITUAÇÃO ACTUAL
A derrota nas eleições de Janeiro colocou a Fatah na defensiva e receia-se que tente usar a sua influência política e poder militar para dominar. A Polícia e as Forças de Segurança são afectas à Fatah.
MAHMOUD ABBAS
Mahmoud Abbas, também conhecido por Abu Mazen, nasceu em Safed e tem 69 anos. É co-fundador da Fatah e foi nomeado presidente da Organização de Libertação da Palestina (OLP) após a morte de Yasser Arafat e depois venceu as presidenciais. É formado em Direito.
NOME
Hamas é acrónimo de Harakat al-Muqawama al-Islamiya (Movimento de Resistência Islâmico) e significa ‘zelo’ em árabe.
ORIGENS E OBJECTIVOS
Uma ramificação da Irmandade Muçulmana, o Hamas comprometeu-se a estabelecer um Estado islâmico naquilo que afirma ser a Palestina (Israel pós 1948, Faixa de Gaza e Cisjordânia).
ATITUDE FACE A ISRAEL
O Programa do Hamas apela à destruição de Israel. Contudo, o primeiro-ministro palestiniano, Ismail Haniyah, falou em tréguas de longo prazo com Israel se as suas tropas se retirarem dos territórios ocupados em 1967.
SITUAÇÃO ACTUAL
Considerado um grupo terrorista pelos doadores da Autoridade Palestiniana, perdeu o apoio financeiro internacional. Os bancos recusam aceitar dinheiro para o Hamas receando punições.
ISMAIL HANIYAH
Ismail Haniyah nasceu no campo de refugiados de Shati. Tem 44 anos. Próximo do falecido xeque Ahmad Yassin, era uma personalidade relativamente desconhecida até encabeçar a lista do Hamas nas eleições de Janeiro. É considerado um pragmático. Formou-se em Literatura Árabe.
PERGUNTA / RESPOSTA
- O que levou ao aumento das tensões nos territórios palestinianos?
- Os movimentos rivais palestinianos Fatah e Hamas tentam, sem o conseguir, um acordo para a formação de um governo de unidade para resolver a crise desencadeada pela vitória do Hamas, a que se seguiu um boicote internacional.
- Quais são as posições dos dois movimentos rivais palestinianos?
- A Fatah defende o fim dos ataques contra Israel para obrigar os israelitas a regressar às negociações que conduzam à declaração do estado Palestiniano. O Hamas recusa reconhecer o Estado de Israel e rejeita abandonar a luta armada.
- Porque falharam as negociações sobre o governo de unidade nacional?
- Porque os pontos de vista da Fatah e Hamas são diametralmente opostos. A filosofia da Fatah é aceitar Israel, razão por que é internacionalmente aceite. Em contrapartida, o Hamas rejeita a existência de Israel e recusa-se a abandonar a luta armada, razão por que foi boicotado internacionalmente.
- O que pode acontecer agora?
- O presidente palestiniano poderia convocar eleições, mas o Hamas avisa que qualquer tentativa de convocar novo escrutínio será entendido como um golpe contra um governo democraticamente eleito. Até agora, os palestinianos evitaram uma guerra civil. Mas até quando o conseguirão?
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