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Passageiros desesperam para sair da Venezuela por falta de voos

País retirou as licenças de operações de várias companhias aéreas europeias. Washington ordenou também encerrar o espaço aéreo venezuelano.

06 de dezembro de 2025 às 09:19

Pessoas que querem viajar da Venezuela desesperam face ao recente bloqueio autoimposto pelo regime, que retirou as licenças de operações de várias companhias aéreas europeias e por Washington, que mandou encerrar o espaço aéreo venezuelano.

Com a proximidade do Natal, muitos portugueses, tal como venezuelanos, vivem entre a esperança da liberdade com descontentamento e muita raiva, que por vezes se sobrepõe ao clima de medo local, que não reprime toda a censura ao regime e aos EUA, os responsáveis pelos constrangimentos.

Perante esta nova realidade e com as tensões a aumentar, muitos clientes pressionam as agências de viagens para conseguir alternativas e soluções personalizadas, sendo frequente as respostas de que nada está garantido, nem há previsão sobre quando a situação poderá mudar.

Vários portugueses relataram à agência Lusa que, com a esperança de poder voar para Portugal, têm tentado com pouco sucesso conseguir voos para Bogotá, na Colômbia, Willemstad no Curaçau, Cancun no México, Miami, nos EUA e Manaus, no Brasil.

Mas as ofertas são cada vez mais reduzidas e as poucas companhias aéreas estão a reduzir as operações por questões de segurança.

Alguns mais 'atrevidos' estão a ponderar viajar quase 36 horas por terra, entre Caracas e Bogotá. Uma viagem de mais de 1.000 quilómetros que inclui planícies, zonas montanhosas e estradas que se tornam sinuosas e de menor velocidade, com subidas, descidas e curvas quanto mais próximas dos Andes ocidentais venezuelanos.

"Estou a pensar seriamente fazer esse percurso pela primeira vez, mas tenho medo do que poderei encontrar. Dizem-me que as estradas são seguras, que antes de chegar a Bogotá vou passar por estradas de montanha, com trechos estreitos e sinuosos, mas quando se fala da Colômbia, pensa-se logo na guerrilha", admitiu um luso-descendente à Agência Lusa.

Na direção oposta, para o sudeste da Venezuela até ao Brasil, a procura é menor. Com sorte é possível conseguir um voo de uma empresa venezuelana entre Caracas e Santa Elena de Uairén, a 1.200 quilómetros da capital.

Por terra, até Santa Elena de Uairén (La Línea, fronteira), as preocupações são troços com buracos e manutenção irregular das estradas. De aí até Boavista (Brasil) a distância é de mais de 250 quilómetros e só nessa cidade brasileira é possível apanhar um voo para Manaus.

No terreno, até Boavista, predominam savanas, áreas de transição para a selva amazónica e planícies. Grandes áreas de cactos do deserto rodeiam parte da estrada, onde grandes extensões de terra parecem inabitadas.

No passado dia 21 de novembro, a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos instou as companhias aéreas a terem "extrema cautela" ao sobrevoarem a Venezuela e o sul das Caraíbas.

Em consequência, várias companhias aéreas internacionais, entre as quais a TAP, cancelaram os respetivos voos na região, e o Ministério dos Transportes da Venezuela e o Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC) revogaram a concessão de voos a várias delas, decisão que afetou a companhia aérea portuguesa, a Iberia, a Avianca, a Latam Colombia, a Turkish Airlines e a Gol, que Caracas acusou de "aderirem às ações de terrorismo" promovidas pelos Estados Unidos.

Mais tarde foi também revogada a concessão à Air Europa e Plus Ultra.

Na quinta-feira, a Copa Airlines (Panamá) denunciou que os seus pilotos detetaram "intermitências num dos sinais de navegação" durante uma das operações aéreas e anunciou a suspensão temporária dos voos para Caracas.

Também a panamiana Wingo, Satena (estatal colombiana) e a Boliviana de Aviação (da Bolívia) suspenderam os voos entre Caracas e a Colômbia.

Desde setembro que várias companhias aéreas têm denunciado interferências nos sinais de posicionamento global por satélite durante os voos para a Venezuela.

A tensão entre Washington e Caracas tem vindo a aumentar após o envio de tropas norte-americanas para as Caraíbas, defendido pela Casa Branca como parte da sua estratégia contra o tráfico de drogas provenientes da América Latina, mas que o Governo venezuelano classifica como uma "ameaça" e uma tentativa de promover uma mudança de regime.

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