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PM demissionário francês saúda convergência política para ter orçamento de Estado

Demissão surpresa de Sébastien Lecornu apenas 14 horas depois de ter apresentado o seu Governo, mergulhou a França numa crise política.

08 de outubro de 2025 às 13:04

O primeiro-ministro demissionário francês, Sébastien Lecornu, saudou esta quarta-feira a convergência nas consultas com os partidos para encontrar uma saída para a crise política com vista a "ter um orçamento" até ao final do ano.

"Todos estão de acordo em afirmar (...) que a meta do défice público deve manter-se abaixo dos 5% (...) ou seja, claramente entre 4,7 e 5%" para 2026, acrescentou Lecornu, numa altura em que a França previa até agora um défice de 4,7% do PIB para o próximo ano.

No seu discurso no Matignon, antes de receber os socialistas, que exigem a nomeação de um primeiro-ministro de esquerda e a suspensão da reforma das pensões para "desbloquear a situação", Lecornu afastou "a perspetiva de uma dissolução" da Assembleia Nacional.

A demissão surpresa de Sébastien Lecornu na manhã de segunda-feira, apenas 14 horas depois de ter apresentado o seu Governo, mergulhou a França numa crise política sem precedentes e reacendeu as preocupações dos investidores relativamente à situação política e orçamental do país.

Encarregado de formar uma coligação até ao final do dia, o primeiro-ministro com o mandato mais curto da Quinta República está a realizar consultas a um ritmo acelerado, numa missão que parece ser de última oportunidade.

O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, já fez saber, através do seu círculo próximo, que "assumirá as suas responsabilidades" em caso de fracasso nas negociações de hoje, deixando no ar a ameaça de uma nova dissolução da Assembleia, atualmente dividida em três blocos sem maioria clara (esquerda, centro-direita e extrema-direita).

Durante as discussões com socialistas, ecologistas e comunistas - que devem reunir-se sucessivamente com Lecornu durante o dia - o objetivo será "perceber quais são as concessões que essas forças políticas de esquerda exigem às outras para garantir a estabilidade, e também que concessões estão dispostas a fazer".

"Fiquei com a impressão de que também elas querem que a França consiga dotar-se de um orçamento", acrescentou o primeiro-ministro demissionário.

Além do orçamento, o chefe do Governo em funções referiu ainda outra "preocupação de grande importância" a resolver: a Nova Caledónia, com a proposta de lei que visa adiar as eleições provinciais.

Lecornu deverá voltar a pronunciar-se hoje à noite, no final da missão que lhe foi confiada por Macron: levar a cabo "negociações de última hora" com as diferentes forças políticas, nenhuma das quais com maioria na Assembleia, para apresentar ao Presidente "as soluções que estão em cima da mesa".

A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, já avisou que o seu partido, o União Nacional (RN), irá bloquear qualquer novo Governo, considerando que a realização de novas eleições é "totalmente inevitável".

"Eu censuro tudo. Aqui e agora, basta. A brincadeira já durou o suficiente", afirmou durante uma visita a uma feira agropecuária em Cournon-d'Auvergne (centro de França), em que afirmou estar "à espera de uma dissolução" da Assembleia Nacional "ou de uma demissão (do Presidente Emmanuel Macron).

Durante a manhã, a moção de destituição de Macron apresentada pela França Insubmissa (LFI, esquerda radical) foi considerada inadmissível pelos membros da mesa da Assembleia Nacional, com cinco membros votaram a favor, dez contra e cinco abstenções.

A um ano e meio das eleições presidenciais francesas, o RN surge como o claro favorito nas intenções de voto, numa altura em que o bloco centrista se encontra em colapso e luta com a esquerda por um lugar na segunda volta - segundo uma sondagem publicada hoje pela Toluna Harris Interactive para a RTL.

O RN aparece sistematicamente em primeiro lugar nas intenções de voto para a primeira volta, seja com o seu presidente, Jordan Bardella (35%), seja com Marine Le Pen (34%), que já se candidatou três vezes à Presidência da República.

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