Demissão surpresa de Sébastien Lecornu apenas 14 horas depois de ter apresentado o seu Governo, mergulhou a França numa crise política.
O primeiro-ministro demissionário francês, Sébastien Lecornu, saudou esta quarta-feira a convergência nas consultas com os partidos para encontrar uma saída para a crise política com vista a "ter um orçamento" até ao final do ano.
"Todos estão de acordo em afirmar (...) que a meta do défice público deve manter-se abaixo dos 5% (...) ou seja, claramente entre 4,7 e 5%" para 2026, acrescentou Lecornu, numa altura em que a França previa até agora um défice de 4,7% do PIB para o próximo ano.
No seu discurso no Matignon, antes de receber os socialistas, que exigem a nomeação de um primeiro-ministro de esquerda e a suspensão da reforma das pensões para "desbloquear a situação", Lecornu afastou "a perspetiva de uma dissolução" da Assembleia Nacional.
A demissão surpresa de Sébastien Lecornu na manhã de segunda-feira, apenas 14 horas depois de ter apresentado o seu Governo, mergulhou a França numa crise política sem precedentes e reacendeu as preocupações dos investidores relativamente à situação política e orçamental do país.
Encarregado de formar uma coligação até ao final do dia, o primeiro-ministro com o mandato mais curto da Quinta República está a realizar consultas a um ritmo acelerado, numa missão que parece ser de última oportunidade.
O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, já fez saber, através do seu círculo próximo, que "assumirá as suas responsabilidades" em caso de fracasso nas negociações de hoje, deixando no ar a ameaça de uma nova dissolução da Assembleia, atualmente dividida em três blocos sem maioria clara (esquerda, centro-direita e extrema-direita).
Durante as discussões com socialistas, ecologistas e comunistas - que devem reunir-se sucessivamente com Lecornu durante o dia - o objetivo será "perceber quais são as concessões que essas forças políticas de esquerda exigem às outras para garantir a estabilidade, e também que concessões estão dispostas a fazer".
"Fiquei com a impressão de que também elas querem que a França consiga dotar-se de um orçamento", acrescentou o primeiro-ministro demissionário.
Além do orçamento, o chefe do Governo em funções referiu ainda outra "preocupação de grande importância" a resolver: a Nova Caledónia, com a proposta de lei que visa adiar as eleições provinciais.
Lecornu deverá voltar a pronunciar-se hoje à noite, no final da missão que lhe foi confiada por Macron: levar a cabo "negociações de última hora" com as diferentes forças políticas, nenhuma das quais com maioria na Assembleia, para apresentar ao Presidente "as soluções que estão em cima da mesa".
A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, já avisou que o seu partido, o União Nacional (RN), irá bloquear qualquer novo Governo, considerando que a realização de novas eleições é "totalmente inevitável".
"Eu censuro tudo. Aqui e agora, basta. A brincadeira já durou o suficiente", afirmou durante uma visita a uma feira agropecuária em Cournon-d'Auvergne (centro de França), em que afirmou estar "à espera de uma dissolução" da Assembleia Nacional "ou de uma demissão (do Presidente Emmanuel Macron).
Durante a manhã, a moção de destituição de Macron apresentada pela França Insubmissa (LFI, esquerda radical) foi considerada inadmissível pelos membros da mesa da Assembleia Nacional, com cinco membros votaram a favor, dez contra e cinco abstenções.
A um ano e meio das eleições presidenciais francesas, o RN surge como o claro favorito nas intenções de voto, numa altura em que o bloco centrista se encontra em colapso e luta com a esquerda por um lugar na segunda volta - segundo uma sondagem publicada hoje pela Toluna Harris Interactive para a RTL.
O RN aparece sistematicamente em primeiro lugar nas intenções de voto para a primeira volta, seja com o seu presidente, Jordan Bardella (35%), seja com Marine Le Pen (34%), que já se candidatou três vezes à Presidência da República.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.