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Polícia Federal brasileira aperta cerco a filho "2" de Bolsonaro

Autoridades acreditam que filho do presidente brasileiro é o principal líder de uma organização criminosa.

26 de abril de 2020 às 17:02

A Polícia Federal brasileira (PF) identificou um dos filhos de Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, a que o presidente, que designa os filhos por números, chama "02" como um dos líderes de um grupo criminoso que desfere ataques virtuais contra autoridades, entre elas juízes do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi avançada pelo jornal Folha de S. Paulo, que diz ter tido acesso a parte da investigação que a PF faz há um ano em sigilo sobre o grupo.

De acordo com a reportagem, a PF não tem qualquer dúvida de que "02", o filho que Bolsonaro mais ouve, é o principal líder da organização criminosa conhecida como "Gabinete do Ódio", especializada em disparar Fake News (notícias falsas) contra adversários de Bolsonaro, jornalistas, juízes e quaisquer outras pessoas que o clã Bolsonaro considere um inimigo ou um estorvo. O "Gabinete do Ódio" seria formado por um grupo de assessores presidenciais e funcionaria, segundo a investigação, dentro do Palácio do Planalto, a sede da presidência brasileira, em Brasília, onde "02", apesar de não ocupar qualquer cargo no governo e de ser vereador no Rio de Janeiro, tem uma sala muito perto da do pai, onde "despacha" diariamente com plenos poderes.

Ainda de acordo com o que foi vazado, a polícia está a tentar reunir o maior número possível de evidências e provas antes de incriminar formalmente Carlos Bolsonaro. A ideia é que as provas a apresentar sejam tão irrefutáveis que o filho do presidente não consiga escapar usando a influência do pai ou se aproveitando da eventual fragilidade das provas.

A investigação foi iniciada em Março do ano passado por determinação do presidente do Supremo Tribunal, juíz Dias Toffoli, depois de vários magistrados serem alvo de ofensas e ameaças nas redes sociais, crimes agora atribuídos ao filho do chefe de Estado. Outro filho de Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, o "03", também é suspeito de participação na organização que a PF diz ser comandada pelo irmão.

Terá sido a descoberta por Jair Bolsonaro de que a Polícia Federal tinha chegado até ao nome de Carlos Bolsonaro que o fez demitir sexta-feira o director-geral da corporação, Maurício Valeixo e provocou, na sequência, a demissão do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que tinha indicado Valeixo e saiu acusando o presidente de tentar interferir nas investigações. Mas se o intento de Bolsonaro tiver sido esse, as demissões não surtiram o efeito desejado, pois, ainda na própria sexta-feira, o juiz Alexandre de Moraes, relator desse processo no STF, ordenou que, seja quem for que venha a assumir o comando da PF não pode trocar os delegados (inspectores) que comandam a investigação, um deles o delegado Igor Romário de Paula, que foi um dos principais coordenadores da operação anti-corrupção Lava Jato enquanto Sérgio Moro foi o juiz da operação, antes de ser chamado para o governo.

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