Populares acusam agentes de arrastar corpos para encenar confrontos. Multiplicam-se os relatos de execuções sumárias de suspeitos desarmados.
Dois dias após a mais mortífera operação da polícia na cidade brasileira do Rio de Janeiro, que deixou um agente e 28 civis mortos na favela do Jacarezinho, continuam a surgir denúncias de execuções sumárias e de que polícias forjaram cenários para tentar disfarçar o massacre.
Maria Júlia Miranda, da Defensoria Pública, que esteve na favela no dia da operação e ficou chocada com a quantidade de poças de sangue que viu nas ruas, revelou que moradores lhe contaram que agentes mataram pessoas à queima-roupa, mesmo quem se rendia. Um dos casos mais gritantes foi o de um homem que, para fugir da polícia, invadiu uma casa e se deitou na cama de uma menina de nove anos, fingindo dormir, mas que, mesmo desarmado, foi crivado de balas à frente da criança.
Noutro caso, familiares contaram que Francisco Araújo, de 25 anos, que foi ferido numa mão e entrou pelo seu próprio pé num blindado da polícia, chegou morto ao hospital com facadas na virilha, pulsos e abdómen. Já Matheus dos Santos, de 21 anos, tinha ido ao Jacarezinho ver a namorada e não estava armado, mas mesmo assim foi morto pela polícia, que depois alterou a posição do corpo para forjar um confronto, contam amigos.
Uma viúva relatou que o marido, Jonas do Carmo dos Santos, de 32 anos, foi encurralado e executado num beco apesar de estar desarmado e ter pedido clemência, enquanto o corpo de outro homem foi encontrado numa ruela, desarmado e sentado numa cadeira.
Relatos arrepiantes de familiares revelam ainda que algumas das vítimas, ao serem cercadas pela polícia e perceberem que os agentes não queriam prendê-las mas sim matá-las, ligaram para as mães e esposas para se despedirem, dizendo que iam ser executadas e pedindo para a família rezar por eles.
Esquadrão da morte Não obstante a operação policial no Jacarezinho ter mobilizado centenas de agentes, os 28 supostos criminosos mortos foram abatidos em 12 locais diferentes pelo mesmo grupo de 29 polícias, que avançaram pela favela como um esquadrão da morte, preferindo matar em vez de prender.
Proibição violada
Desde que o Supremo Tribunal proibiu no ano passado a polícia de fazer operações em favelas do Rio enquanto durar a pandemia, pelo menos 944 pessoas já foram mortas por agentes naquelas comunidades.
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