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Polícia mata homem de muletas sentado no chão e forja ataque em São Paulo

Testemunhas dizem que a versão contada pelos agentes é totalmente distorcida.

13 de março de 2024 às 12:33

Agentes da Polícia Militar de São Paulo mataram um homem com problemas físicos, desarmado, que estava sentado na calçada ao lado de duas muletas. Os polícias chegaram de repente e começaram a atirar contra ele e outras pessoas.

A brutal morte de Leonel Andrade Santos aconteceu no Morro de São Bento, na cidade de Santos, no litoral sul do estado de São Paulo, é mais uma das denúncias da execução de inocentes pela polícia que os moradores classificam como uma vingança da corporação contra cidadãos sem qualquer culpa, depois de um agente ter sido morto por traficantes no início de fevereiro na região.

Uma foto enviada à imprensa por uma moradora que pediu para não ser identificada por medo de represálias mostra Leonel sentado na beira da calçada minutos antes de ser morto. A moradora tirou a foto da calçada de casa e enviou para um entregador, para facilitar a localização para uma entrega de um producto que comprou, e, sem querer, apanhou Leonel na imagem.

Antes da chegada do entregador, agentes da Polícia Militar armados com fuzis de guerra chegaram e começaram a atirar em pessoas que estavam na rua, sem que nenhuma delas estivesse armada ou representasse qualquer tipo de ameaça. Além de Leonel, que nem conseguiu levantar-se do chão, outra pessoa foi morta na acção policial, Jefferson Ramos Miranda. No relatório sobre a acção, os agentes escreveram que, ao chegarem àquela rua do Morro São Bento, um bairro pobre da cidade, Leonel e Jefferson, descritos no relatório pelos polícias como dois criminosos perigosos, empunharam armas de grosso calibre e atiraram contra os agentes, que foram obrigados a responder ao suposto ataque.

Foi essa a versão, de acordo com testemunhas,  totalmente distorcida, que fez a moradora enviar a foto de Leonel, publicada esta quarta-feira, 13 de Março, na imprensa, mais de um mês após a morte do homem, a 9 de Fevereiro. Mesmo com medo de retaliações por parte da polícia, a moradora compadeceu-se da dor da família de Leonel, indignada pela morte e acusação do homem ser um criminoso.

A família de Leonel avançou que, além dos problemas de locomoção que o obrigavam a usar muletas, o homem também tinha problemas nas mãos e jamais conseguiria empunhar uma arma. Em Fevereiro, o CM mostrou uma outra acção brutal de agentes da Polícia Militar num outro bairro de Santos, quando um polícia atirou um idoso, com cerca de 80 anos, ao chão e disparou duas vezes contra um morador desarmado que protestou contra a agressão.

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