Em causa estão erros graves num livro da 6.ª classe de Ciências Sociais.
A Porto Editora esclareceu esta quarta-feira que o livro da 6.ª classe de Ciências Sociais, alvo de um inquérito por parte da Inspeção-Geral da Administração Pública de Moçambique, por conter erros considerados graves, não foi editado por si.
A editora, numa declaração por escrito enviada à Lusa, afirma que "o livro da 6.ª classe de Ciências Sociais, alvo de um inquérito por parte da Inspeção-Geral da Administração Pública de Moçambique, não foi editado pela Porto Editora".
A empresa regia, assim, ao anúncio feito na terça-feira pela ministra da Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique, Carmelita Namashulua, de que a comissão de inquérito do seu ministério que investigou o caso indicou que a negligência por parte da Porto Editora foi uma das causas dos erros classificados como graves.
"O grupo Porto Editora atua no setor da educação em Moçambique desde 2003 e durante este período editou inúmeros manuais escolares [da 1.ª à 12.ª classes]. No entanto, neste projeto atuámos enquanto consultores editoriais, na sequência do novo modelo para elaboração dos manuais escolares decidido pelo Governo moçambicano", refere a empresa portuguesa.
"Assim, importa esclarecer que a Porto Editora não é a editora do referido livro escolar, sendo apenas consultora editorial, e a obra é propriedade do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano -- Minedh. Também a impressão e a distribuição são da responsabilidade do Minedh", reforçou.
A editora explica ainda que, como consultora, "contratou uma autora e uma revisora científica moçambicanas, ambas com currículos reconhecidos".
Além disso, adianta que o livro em questão "foi sujeito a provas de validação por parte dos organismos do Minedh, tendo a Porto Editora integrado todos os pedidos de alteração solicitados pela tutela".
"Após a integração de todas as alterações que nos foram solicitadas, a versão final do livro foi submetida à aprovação do Ministério, que validou o manual da 6.ª classe. A Porto Editora terminou aí a sua intervenção, procedendo à entrega dos ficheiros do livro ao Minedh, o qual foi devidamente aprovado por este organismo", acrescenta na nota de esclarecimento.
A empresa revela também que "ao longo do processo, a Porto Editora alertou, mais do que uma vez, por escrito, para o curtíssimo prazo dado pelo Minedh para a elaboração do trabalho de consultoria e sublinhou, desde o primeiro momento, para os riscos inerentes à urgência solicitada".
De acordo com a mesma nota, após a divulgação pública dos casos detetados no livro, a Porto Editora "esteve sempre disponível para colaborar com o Minedh e garante que "enviou atempadamente a proposta de errata solicitada" pelo Governo moçambicano, que depois "acabou por não ser distribuída".
Além disso, diz ter "colaborado com total disponibilidade desde o primeiro momento com a Inspeção, fornecendo todos os esclarecimentos e os documentos solicitados".
Mas, assegura que "ainda não recebeu, e aguarda o resultado do inquérito, mantendo-se totalmente disponível para colaborar com o Minedh".
Na nota, a Porto Editora sublinha "o rigor, a qualidade e inovação que pautam toda a sua atuação" e "reforça o compromisso com o desenvolvimento educacional, cultural e civilizacional dos falantes de língua portuguesa".
"As correções apresentadas, constantes dos relatórios dos consultores e assinados pelo diretor do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação, não foram integralmente acatadas pela Porto Editora, o que revela negligência por parte desta no cumprimento das suas obrigações", declarou na terça-feira a ministra da Educação de Moçambique.
A governante falava durante uma conferência de imprensa que serviu para apresentação do relatório da comissão de inquérito criada para investigar, num prazo de 15 dias, a causa dos erros, classificados como graves, no livro de distribuição gratuita da 6.ª classe em Moçambique.
De acordo com a governante, os manuais foram aprovados sem que tenham sido observadas todas as cinco fases de avaliação previstas nas cláusulas contratuais, embora os livros tenham passado pela análise do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação, pelo Departamento de Gestão de Livro Escolar e Material Didático e pela Direção Nacional do Ensino Primário, o que também revela negligência e falta de profissionalismo por parte destes organismos.
A comissão de inquérito recomenda a restruturação do Conselho de Avaliação do Livro Escolar, com destaque para as demissões do diretor-geral do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação, Ismael Nheze, e da diretora Nacional do Ensino Primário, Gina Guibunda.
O Ministério da Educação anunciou ainda que será criada uma comissão especializada para avaliar questões financeiras relacionadas com caso, com destaque para análise dos contratos assinados com as entidades envolvidas na produção e impressão do livro.
Entre os vários erros detetados no livro, que foi retirado das escolas após estes terem sido detetados, está a localização geográfica de Moçambique, que no livro é situado na África Oriental e não consta como país da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), entidade em cuja fundação participou.
Uma outra anomalia considerada grave é a localização de antigas fronteiras do Zimbabué, país que faz fronteira com Moçambique, mas que o livro indica ser banhado pelo Mar Vermelho.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.