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Português relata passagem do furacão Irma: "Tudo voava, foi aterrador"

Fernando Silva vive em São Bartolomeu há 10 anos e confia que a ilha vai recuperar.

07 de setembro de 2017 às 18:50

Fechou-se em casa com a mulher pelas cinco da tarde desta quarta-feira e ali ficaram horas a fio, com a casa a tremer com o vento e os sucessivos estrondos de detritos a colidir com as paredes. "Tudo voava, foi aterrador", conta ao CM Fernando Silva, emigrante português na ilha de São Bartolomeu, nas Caraíbas, que foi atingida pelo furacão Irma esta quinta-feira.

"Estávamos preparados porque há muito que tínhamos sido avisados. Mas nada realmente nos prepara para ventos a soprar a 400 km/h", conta Fernando.

Quando o olho do furacão passou por Gustávia, capital da ilha sob jurisdição francesa, Fernando saiu de casa por alguns minutos. "Nos furacões, quando o olho passa por nós há um momento de acalmia. Saímos à rua para ver os estragos e o cenário era terrível. Percebemos então o tamanho dos objetos que atingiram a nossa casa, que fica mesmo junto à marina. Mas voltámos rapidamente a entrar e o furacão voltou a atingir-nos".

Apesar do susto, Fernando diz que os estragos na sua casa "não são muito grandes". "Aqui a construção é boa, as casas são feitas a contar com os furacões". Neste momento, os cerca de 9 mil habitantes, dos quais um quarto são portugueses, estão sem água nem luz e as ruas estão cheias de barcos, postes, pedras, restos de telhados e todo o tipo de detritos. Nada que esmoreça o otimismo de Fernando, de 61 anos, que vive na ilha com a mulher, de 61.

"Estou aqui há 10 anos e não saio nem por nada. Isto é um paraíso, sabemos que os furacões podem acontecer, mas não são assim tão frequentes". O português conta que todos se prepararam para o furacão, fazendo reservas de comida. E as casas têm cisternas para armazenar grandes quantidades de água potável. "Acredito que aqui não tenha morrido ninguém. As pessoas estão preparadas"

Na capital, Gustávia, onde vive Fernando, já é possível aceder aos serviços de telemóvel e internet, mas noutras partes da ilha ainda há muita gente com dificuldade em comunicar.

Pai de dois filhos, que já viveram na ilha mas que hoje estão em Portugal e na Irlanda, Fernando é carpinteiro na construção civil.

"Já tinha muito trabalho, agora vou ter ainda mais", diz Fernando ao telefone, revelando o seu otimismo. E acrescenta que está preparado para a chegada de dois outros furacões que poderão assolar a ilha nos próximos dias. "Nada me fará sair daqui".

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