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Presidente moçambicano apela à entrega voluntária de terroristas em "fuga, agonia e sufoco"

Filipe Nyusi diz que desde outubro de 2017 "alguns distritos da província de Cabo Delgado têm sido vítimas do terrorismo internacional".

07 de setembro de 2023 às 14:45

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou esta quinta-feira que os terroristas em Cabo Delgado "estão em constante fuga, agonia e sufoco" com a pressão das operações militares das últimas semanas, e apelou à sua entrega voluntária, sem represálias.

"O povo moçambicano nunca foi um povo de ódio. Podem voltar, estarão connosco e vamos construir o nosso país. Tenham consciência que não viverão eternamente nas matas, fora das famílias. Voltem e juntem-se aos demais moçambicanos para desenvolvermos o país", afirmou o chefe de Estado.

"Tragam as armas, entreguem-se", insistiu, durante o discurso oficial alusivo ao dia da Vitória, dos Acordos de Lusaka, cujo ato central decorre esta quinta-feira na cidade de Maxixe, província de Inhambane, no qual admitiu que "já são tantos" os que se entregaram nos últimos meses.

"Os teimosos terroristas, em pequenos grupos, estão em constante fuga, agonia e sufoco", descreveu Filipe Nyusi.

"Capitalizo esta cerimónia para convidar os moçambicanos que ainda estão nas matas, do lado dos terroristas, para se entregarem às autoridades com a garantia de que serão recebidos de braços abertos, como tem estado a acontecer com os que largaram o crime e hoje [esta quinta-feira] se encontram em segurança junto das suas famílias e dos amigos", reiterou.

Desde outubro de 2017 "alguns distritos da província de Cabo Delgado têm sido vítimas do terrorismo internacional", que "já ceifou a vida de mais de 2.000 moçambicanos, destruiu o tecido social na região assim como infraestruturas económicas e sociais, de entre públicas e privadas", assumiu.

O Presidente elogiou as Forças de Defesa e Segurança, que prontamente se posicionaram em defesa da "população e seus bens", mas reconheceu que "tratando-se de um novo tipo de ameaça" no início "tiveram pequenas dificuldades".

Ainda assim, afirmou, "ao longo do tempo, e de forma progressiva", os militares "têm estado a elevar o nível das operações", contando na retaguarda com a "carinhosa" Força Local - constituída por antigos combatentes da luta de libertação nacional, com experiência de terreno -, que "tem estado a marcar diferença no campo de batalha e tem estado a saber passar o conhecimento".

"Aplicando duros golpes aos terroristas", descreveu Filipe Nyusi, apontando nomeadamente os resultados dos combates dos dias 08 e 22 de agosto, em que foi colocado "fora de combate" - conforme anunciado em 25 de agosto - o moçambicano Bonomade Machude, conhecido como Ibn (ou Ibin) Omar nas matas, ou também por Abu Suraka, considerado o líder das "operações terroristas" em Moçambique, juntamente com "mais dois operativos de destaque".

"Alguns não acreditam, mas têm de acreditar. Não há como", insistiu Nyusi, sobre a morte de Ibn Omar.

Contudo, alertou: "Não estamos a dizer que o terrorismo acabou, nem teremos o atrevimento de o dizer".

A situação de segurança "melhorou bastante" e grande parte da população deslocada "já regressou às suas zonas de origem", mas essas baixas "não significam que o terrorismo tenha acabado. Estamos cientes que vencer uma batalha, não é sinónimo de vencer a guerra", enfatizou.

"Apelamos a todos os moçambicanos a estarem vigilantes em relação a qualquer movimento estranho nas comunidades, para alertarem as autoridades, isso em todo o país", pediu ainda o chefe de Estado.

Moçambique assinala esta quinta-feira o dia da assinatura dos acordos de paz no país, assinados com o Governo português em 07 de setembro de 1974 em Lusaka, capital da Zâmbia, que antecederam a independência moçambicana.

O Presidente da República revelou que foram esta quinta-feira condecorados em todo o país 1.190 veteranos da luta de libertação nacional, totalizando já 17.651 antigos combatentes distinguidos com este título.

"Mais do que um simples ornamento de peito, é um reconhecimento de todos os moçambicanos", disse, apelando aos mais jovens para "preservarem o que foi conquistado com muito sacrifício pelos mais velhos".

"Hoje [esta quinta-feira], 49 anos depois, o sol continua a brilhar sobre o nosso território, uno e indivisível. Moçambique tem a mesma dimensão territorial, reconquistada à luz dos acordos de Lusaka, essa façanha é da autoria da chamada geração 25 de setembro e dos que deles herdaram a defesa da nossa soberania", concluiu.

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