Medida transmite uma "mensagem de confiança" para os investidores e países parceiros.
Economistas moçambicanos ouvidos hoje pela Lusa consideraram que o reatamento da assistência financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao país constitui um "balão de oxigénio" e transmite uma "mensagem de confiança" para os investidores e países parceiros.
"A retoma da ajuda financeira do FMI a Moçambique constitui, sem dúvidas, um balão de oxigénio para o país, porque ajuda a aliviar as pressões sobre o orçamento, e sobretudo, sobre a despesa, porque ajuda a ampliar a margem financeira do Estado", disse o economista Elcídio Bachita.
Bachita assinalou que o acordo com o FMI coloca à disponibilidade do país recursos financeiros mais acessíveis e em condições favoráveis, dado que o envelope financeiro anunciado por esta organização está isento de taxas de juro e tem um período de graça e prazo de amortização relativamente longos.
"Com um programa de assistência financeira do FMI, o país volta a estar em condições de recorrer a crédito mais favorável, porque os outros credores sabem que o país está respaldado", declarou.
Elcídio Bachita considerou inevitáveis as condições impostas pelo FMI para a retomada do apoio financeiro ao país, justificando essas imposições com a preocupação de evitar o "descontrolo anterior, principalmente ao nível da dívida pública".
"O FMI suspendeu o apoio ao país na sequência da descoberta das dívidas ocultas e é normal que condicione o seu regresso a garantias de rigor e transparência, é assim como eles funcionam", assinalou.
Em relação à reforma do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA), constante do anúncio do FMI sobre a retoma da assistência financeira ao país, aquele economista enfatizou que surge da compreensão de que a carga fiscal do país é um fator de bloqueio à economia.
"Moçambique tem das mais altas taxas de IVA na África Austral e o setor privado pede há muitos a redução deste imposto", frisou.
João Mosca, economista e diretor do Observatório do Meio Rural (OMR), uma organização não-governamental moçambicana (ONG), observou que o reatamento da ajuda do FMI transmite uma mensagem de esperança, mas também de cautela, porque os 470 milhões de dólares (430 milhões de euros) anunciados por esta organização financeira internacional, a desembolsar por um período de três anos, são escassos para os "défices" que Moçambique enfrenta.
"Dá uma mensagem de confiança aos investidores e com esta mensagem de confiança não só se atrai investimento, como também a cooperação" com os parceiros internacionais, declarou Mosca.
O diretor do OMR notou que os investidores e os países parceiros de Moçambique vão ler a decisão do FMI como um sinal de que o país africano volta a ser seguro para negócios e receção de ajuda.
"O FMI veio agora dizer que já passaram quatro ou cinco anos após o castigo [devido às dívidas ocultas] e agora vamos tentar recuperar a nossa relação devagarinho", observou.
João Mosca alertou, contudo, que os investidores e alguns países doadores vão reagir com cautela, porque sabem que o país ainda enfrenta problemas de transparência e de violência armada na região norte.
Mosca acusou o FMI de atuar como "um ponta de lança" do grande capital, prestando apoios que ajudam os países a posicionar-se como palco de atuação das multinacionais sem impacto no desenvolvimento económico e social e na redução da pobreza.
João Mosca apontou a "destruição" da indústria do caju em Moçambique e a "fragilização" do setor empresarial do Estado, através de um programa de privatizações massivo, como exemplo de políticas defendidas pelo FMI e que prejudicaram o país.
Na última semana, o FMI anunciou que chegou a acordo com Moçambique para a aplicação de um Programa de Financiamento Ampliado até 2025, desembolsando ajuda financeira pela primeira vez desde o escândalo das dívidas ocultas.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.