Filipe Nyusi lançou a candidatura do país a membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas no mandato 2023/24.
Analistas disseram esta quarta-feira que o Governo moçambicano pretende "projetar o prestígio do país", com uma eventual eleição a membro não-permanente do Conselho de Segurança (CS) da ONU e com a mobilização da comunidade internacional para a sua "agenda interna".
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, lançou na quinta-feira oficialmente a candidatura do país a membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas no mandato 2023/24 com a paz como prioridade.
Calton Cadeado, especialista em Paz e Conflitos na Universidade Joaquim Chissano, instituição estatal, considerou, à Lusa, que o executivo moçambicano pretende "projetar o prestígio internacional" do país e atrair a atenção da comunidade internacional para a sua "agenda interna, principalmente a manutenção da paz".
"Com um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas, ainda que sem um poder efetivo, Moçambique aumenta a sua visibilidade no mundo e ganha respeitabilidade como ator no concerto das nações", observou Cadeado.
A presença naquele órgão, prosseguiu, vai permitir ao país a mobilização da comunidade internacional para os desafios da paz e segurança que enfrenta, nomeadamente contra a ação do "terrorismo em Cabo Delgado".
"Colocar a questão do terrorismo e da paz em Cabo Delgado e em todo o país nas Nações Unidas é uma questão de coerência, porque o Governo não esconde que Moçambique se debate com o fenómeno transnacional de terrorismo", enfatizou Calton Cadeado,
Adriano Nuvunga, politólogo e diretor do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), organização não-governamental moçambicana, também assinalou que o Governo moçambicano quer elevar a sua imagem e prestígio internacionais, depois de um período de declínio provocado pelo escândalo das dívidas ocultas, processos eleitorais de credibilidade duvidosa e conflitos armados.
"O executivo encara a presença no Conselho de Segurança das Nações Unidas como uma oportunidade para a sua reabilitação externa, depois de ter sido visto com muita desconfiança pelos parceiros internacionais", notou Nuvunga.
Aquele académico alertou para o risco de "desperdício de oportunidade", caso o Governo não aproveite a presença naquele órgão internacional para impulsionar uma agenda de respeito pelos direitos humanos, boa governação e abertura ao diálogo com a sociedade civil.
"Se o Governo não mudar a sua postura em relação aos direitos humanos, diálogo com a sociedade civil e boa governação, então o lugar no Conselho de Segurança das Nações Unidas será uma operação de charme", defendeu Adriano Nuvunga.
Fernando Lima jornalista e presidente da Mediacoop, o mais antigo grupo de media privado de Moçambique, também considerou que Maputo visa "o resgate de prestígio", na sequência do esfriamento das relações com os parceiros internacionais, devido ao escândalo das dívidas ocultas e declínio nos indicadores internacionais sobre boa governação e direitos humanos.
"O Governo moçambicano sabe que há parceiros internacionais ciosos da posição do país em relação aos principais indicadores de boa governação e direitos humanos e enquanto os ´rankings` forem negativos, vai persistir um ambiente de desconfiança e até mesmo de distanciamento", observou.
O estatuto de membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, prosseguiu, poderá servir para o país mostrar uma face mais comprometida com as questões internacionais, nomeadamente a agenda da paz e do combate ao terrorismo.
"Mas pode não passar de cosmética, se o Governo não usar aquela instância para promover um novo caminho em relação a questões como o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais", destacou.
Na cerimónia de lançamento da candidatura de Moçambique, no dia 16, Filipe Nyusi enfatizou que o compromisso do país com a paz é total e inabalável.
O chefe de Estado assinalou que, "vezes sem conta, o país emprestou as suas valências, seja em representação do Estado ou individualmente por moçambicanos para mitigar conflitos ou encontrar soluções negociadas" para situações de divergência.
"O nosso compromisso com a agenda de paz no quadro do Conselho de Segurança é tudo quanto nos motiva, porque sabemos quão nefasta é a ausência de paz e quão benéfica é a harmonia", destacou.
O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros, cinco permanentes e 10 não-permanentes eleitos por mandatos de dois anos e em que cinco são substituídos a cada ano.
Na eleição há um número fixo de assentos para os diferentes grupos regionais em que a Assembleia Geral da ONU se divide.
No caso, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) endossou a candidatura moçambicana, anunciou há um ano a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, quando começou a abordar o tema com representações diplomáticas.
Na sua mensagem, Filipe Nyusi realçou que a candidatura goza de apoio unânime dos 15 membros da SADC e dos 54 estados-membros da União Africana (UA), além de manifestações de simpatia e encorajamento por parte de nações de outros continentes, nomeadamente no seio da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
As eleições vão decorrer em 2022 e o mandato de dois anos arranca a 01 de janeiro de 2023, terminando a 31 de dezembro de 2024.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.