Instabilidade poderá comprometer a credibilidade diplomática da União Europeia, que corre o risco de chegar sem propostas à cimeira do clima no Brasil.
A recusa da Alemanha e da França em estabelecer rapidamente metas de redução de emissões de CO2 para 2040 poderá comprometer o sucesso da reunião de quinta-feira de ministros do Ambiente, em Bruxelas.
A essa recusa junta-se a relutância de países como a Hungria, a Polónia, a Eslováquia e a Itália, o que, noticia a agência de notícias Efe, poderá comprometer a credibilidade diplomática da União Europeia (UE), que corre o risco de chegar sem propostas à cimeira do clima no Brasil, uma década depois do Acordo de Paris de 2015.
Em julho passado, a Comissão Europeia propôs que a UE procurasse para 2040 uma redução de 90% das emissões de CO2 (dióxido de carbono) face aos níveis de 1990, com flexibilidades como a compra de créditos de carbono aos países em desenvolvimento.
Tal suporia dar continuidade à redução de 55% prevista para 2030 e colocaria a UE no bom caminho para alcançar a neutralidade climática a meio do século.
A Dinamarca, que ocupa a presidência do Conselho da UE neste semestre, queria implementar a proposta mas tal não deverá ser possível. Copenhaga tinha planeado que as metas para 2040 fossem discutidas pelos ministros do Ambiente dos Estados-membros esta quinta-feira, para alcançar um consenso por maioria qualificada e, em seguida, negociar os regulamentos finais com o Parlamento Europeu, que previsivelmente se alinharia com a posição dos 27.
Os ministros, incluindo a ministra portuguesa, Maria da Graça Carvalho, deveriam também atualizar as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), que são as contribuições de cada país para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa, em antecipação da cimeira do clima, a COP30, das Nações Unidas, que se realiza em novembro no Brasil.
Mas os planos mudaram. A França tinha reclamado que a questão não fosse discutida a nível ministerial e, em vez disso, fosse levada ao conhecimento dos chefes de Estado e de Governo numa cimeira, posição a que a Alemanha aderiu na semana passada.
"A França, o país do Acordo de Paris, não será a única a bloquear o assunto. Mas se a Alemanha estiver com eles então vão fazê-lo", disse o eurodeputado ecologista alemão Michael Bloss, numa conferência de imprensa.
Os ambientalistas atribuem a manobra à difícil situação da França do Presidente Emmanuel Macron e ao interesse do novo governo alemão, liderado pelo conservador Friedrich Merz, em torpedear as futuras metas da UE como alavanca para abandonar também o compromisso interno de reduzir as emissões de CO2 em 88% até 2040, adotado pelo anterior governo.
Parece impossível chegar a um acordo no fórum de líderes, onde a unanimidade entre os 27 é necessária, já que se concede o direito de veto de facto às capitais relutantes em relação ao clima, como Varsóvia, Bratislava e Budapeste.
"Quem diz que a Europa está a liderar está a dizer disparates", resumiu o eurodeputado holandês e copresidente dos Verdes, Bas Eickhout, numa conferência de imprensa.
Embora a atual Comissão tenha diluído ou simplificado várias políticas climáticas no seu segundo mandato, a presidente, Ursula von der Leyen, apelou a "manter o rumo" em relação às metas climáticas e ambientais.
No entanto, a influência do poder executivo é limitada, dado o poder de decisão dos Estados-Membros.
A UE não terá planos climáticos atualizados para apresentar na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, na próxima semana, um obstáculo diplomático que a presidência dinamarquesa espera ultrapassar com uma "carta de intenções" afirmando a disponibilidade do bloco para reduzir as suas emissões entre 66% e 72% até 2035, o que suporia uma trajetória linear para 90% até 2040.
O passo seguinte seria agendar uma discussão sobre a redução de CO2 entre os líderes, mas informalmente, para que a bola volte para os ministros e estes adotem uma posição por maioria qualificada, contornando assim uma possível oposição da Eslováquia ou da Hungria.
Isto, indica a Efe, permitiria à UE participar na cimeira climática da ONU do Brasil sem fugir ao compromisso de atualizar os seus planos climáticos, evitando assim "constrangimentos diplomáticos e perda de influência", disse Sven Harmeling, membro da Rede de Ação Climática (CAN), à imprensa.
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