De forma global, a violência armada provocou 20 crises alimentares que afetaram quase 140 milhões de pessoas em 2024.
A pontuação do Índice Global da Fome melhorou ligeiramente este ano, permanecendo "moderada", mas a fome é "grave" na África Subsaariana, mantendo-se a Somália como pior classificado entre 136 países analisados, segundo o documento publicado esta semana.
A pontuação geral do relatório "20 anos a acompanhar o progresso: Hora de renovar o compromisso com a fome zero", do Índice Global da Fome (GHI, na sigla em inglês) 2025, melhorou apenas ligeiramente em comparação com a pontuação de 2016, o que significa que o progresso estagnado está a afastar o objetivo Fome Zero até 2030, de acordo com o estudo.
"Em 2025 a fome manteve-se na categoria 'moderada' com uma pontuação de 18,3. Assim, o progresso insuficiente na redução da fome reflete os desafios crescentes de crises sobrepostas e aceleradas que incluem conflitos armados, choques climáticos acelerados, fragilidade económica e desinteresse político", citou.
A África Subsaariana continua a registar os níveis de fome mais altos a nível global, de acordo com o relatório.
A região fez algum progresso desde 2000 - com a fome a passar de "alarmante" para "grave" - mas a partir de 2016 a fome aumentou em dez países.
"Desde 2016, o progresso abrandou drasticamente, com a fome a aumentar em dez países. Esta reversão é impulsionada principalmente pelo aumento do número de pessoas subalimentadas, atingindo níveis "extremamente alarmantes" em regiões de seis países: República Democrática do Congo, Libéria, Madagáscar, Quénia, Somália e Zâmbia, citou.
Trinta e cinco dos 47 países da região africana passaram para uma categoria GHI inferior desde 2000, e Cabo Verde tornou-se o primeiro a atingir a "baixa fome".
De forma global, a violência armada alimentou 20 crises alimentares que afetaram quase 140 milhões de pessoas no ano passado.
Particularmente, a escalada da violência continua a dilacerar a capacidade de adaptação e a bloquear a entrega de ajuda na República Democrática do Congo (RDCongo), no norte da Nigéria e em Cabo Delgado, Moçambique.
Em Cabo Delgado "a guerra colide com o clima extremo" pois esta região é afetada por "chuvas fortes ligadas a ciclones tropicais" enquanto "grupos armados invadem aldeias já enfraquecidas pela escassez de produção [agrícola] relacionada com o clima", lamentou.
Por sua vez, também a guerra no Sudão ilustra como o conflito devasta tanto os meios de subsistência como as linhas de vida: "No Sudão, local de uma das crises humanitárias mais graves do mundo", em guerra civil desde 15 de abril de 2023, "foi detetada fome em vários locais em 2024", sendo que metade da população - quase 25 milhões de pessoas - enfrentou insegurança alimentar aguda entre dezembro de 2024 e maio de 2025.
A Somália volta a registar a pontuação GHI mais alta deste ano, seguida do Sudão do Sul e da RDCongo, que estão entre os sete países em que as pontuações são "alarmantes": Burundi, RDCongo, Haiti, Madagáscar, Somália, Sudão do Sul e Iémen.
A Somália estava classificada, em 2000, como "extremamente alarmante", mas permanece ainda como "alarmante".
"Até 2016, a Somália também tinha a maior prevalência de subalimentação globalmente e foi apenas recentemente ultrapassada pelo Haiti", referiu.
O financiamento externo para combater estes flagelos diminuiu.
No caso dos Estados Unidos da América, os orçamentos de assistência humanitária caíram drasticamente, enquanto os gastos militares aumentaram --- uma inversão de prioridades que mina a resposta global à fome, criticou.
Segundo o relatório, o progresso, de forma geral, foi mais notável em Moçambique, Ruanda, Somália, Togo e Uganda, embora os desafios persistam.
Também países como Angola, Etiópia e Serra Leoa mostram que políticas direcionadas e investimentos sustentados podem impulsionar progressos significativos na redução da fome, apesar de Angola ter vindo a descer no 'ranking'.
"Angola pós-conflito deu passos significativos na implementação de campanhas de vacinação e no desenvolvimento de infraestruturas rurais. Hoje, no entanto, novos choques estão a minar esses ganhos", lamentou.
O documento alerta ainda que, ao ritmo atual, pelo menos 56 países não alcançarão o nível de "baixa fome" --- muito menos a Fome Zero --- até 2030.
"Se o progresso se mantiver ao ritmo observado desde 2016, a 'baixa fome' a nível global pode não ser alcançada até 2137", concluiu.
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