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Supostos terroristas queimam acampamento de empresa mineira moçambicana em Montepuez

Ataque aconteceu esta quarta-feira, cerca das 19h00 locais (18h00 em Lisboa).

16 de outubro de 2025 às 09:48

Um grupo armado de supostos terroristas invadiu e queimou o acampamento da mineira Mwiriti, no distrito de Montepuez, província moçambicana de Cabo Delgado, disse hoje à Lusa fonte da empresa.

O ataque, no posto administrativo de Nairoto, aconteceu esta quarta-feira, cerca das 19h00 locais (18h00 em Lisboa), quando os supostos rebeldes entraram a disparar.

"Entraram a disparar e queimaram uma máquina, uma motorizada e pusemo-nos em fuga", disse a fonte, a partir de Montepuez.

Mwiriti é uma empresa moçambicana com licença de pesquisa e prospeção de ouro, no distrito de Montepuez, região que nos últimos dias tem sido alvo dos ataques de supostos terroristas.

Não há relatos de vítimas, mas o ataque levou à fuga de trabalhadores e a paralisação dos trabalhos.

"Felizmente ninguém morreu, mas queimaram tudo" disse ainda a fonte.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques terroristas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito da Mocímboa da Praia.

Quase 40 mil pessoas fugiram de seis distritos de Cabo Delgado, e ainda da província vizinha de Nampula, devido ao recrudescimento dos ataques terroristas no norte de Moçambique, segundo dados deste mês da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

De acordo com o mais recente relatório do terreno daquela agência das Nações Unidas, entre 22 de setembro e 06 de outubro, a escalada de ataques e a insegurança provocada por grupos armados" levou a "novos deslocamentos" - num total de 39.643, equivalente a 12.335 famílias - essencialmente nos distritos de Balama, Mocímboa da Praia, Montepuez e Chiúre, Cabo Delgado, mas também em Memba, província de Nampula.

A OIM contabilizou neste período um total de 26.405 deslocados de Mocímboa da Praia, devido à situação de insegurança nos bairros 30 de Junho e Filipe Nyusi, situados nos arredores de vila sede, palcos de pelo menos dois ataques de grupos insurgentes, com vários mortos, durante o mês de setembro.

Do distrito de Balama, a OIM contabilizou 5.585 deslocados, das localidades de Mavala e Mpake, que fugiram Ntete e Mieze, enquanto do distrito de Montepuez 3.980 pessoas foram deslocados, devido aos ataques e insegurança, de Mararange, Mirate e Nacololo.

No distrito de Chíure -- que já em finais de julho registou cerca de 57 mil deslocados devido aos vários ataques de grupos armados de então -- há mais 1.164 deslocados nos últimos dias, que fugiram de Mazeze e Murocue. Em menor escala, a OIM contabiliza 144 deslocados do distrito de Nangade, 121 de Macomia e 66 de Muidumbe.

Além destes distritos de Cabo Delgado, o relatório da OIM refere que os "recentes ataques" em Memba, Nampula, junto à província vizinha, "também forçaram 2.178 indivíduos a fugirem das aldeias de Chipene e Necoro", neste caso para o distrito de Erati.

O Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED) contabiliza 6.257 mortos ao fim de oito anos de ataques terroristas em Cabo Delgado, alertando para a instabilidade atual, com o recrudescimento da violência.

"A situação é bastante instável. Em setembro, o Estado Islâmico de Moçambique (ISM) estava ativo em 11 distritos de Cabo Delgado e também cruzou para Nampula no final do mês", disse à Lusa Peter Bofin, investigador da ACLED.

Segundo o investigador sénior da organização, que reúne e analisa dados sobre conflitos violentos e protestos em todo o mundo, desde outubro de 2017 foram registados em Cabo Delgado pelo menos "2.209 eventos de violência", com "6.257 mortes relatadas", sendo pelo menos 2.631 civis.

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